Manaus está cada vez mais presente no circuito brasileiro de festivais de teatro, a partir de grupos e companhias teatrais que vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa e formação de espectadores na cidade, em especial após o período pandêmico. O Grupo Jurubebas de Teatro vem ganhando cada vez mais destaque nesse cenário: somente em 2024, o grupo participou de eventos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e se prepara para mais um circuito, que inclui os estados de Minas Gerais e Paraná, além do Distrito Federal. A companhia se apresenta no dia 21 de agosto no Distrito Federal (DF), entre os dias 21 e 28 de setembro em Belo Horizonte (MG), e no dia 12 de novembro em Ponta Grossa (PR).
O grupo possui sete anos de atuação na cena teatral brasileira, com sede na zona oeste de Manaus, no bairro Santo Antônio. “Desenvolvemos um trabalho que pense nos acontecimentos que nos atravessam enquanto seres humanos e isso, de alguma forma dialoga com todo o Brasil também”, afirma Felipe Jatobá, diretor do grupo. As obras que integram esse circuito são o espetáculo infanto-juvenil “Tucumã & Buriti – As Brocadas do Tarumã-Açú” e o espetáculo adulto “Desassossego”.
Ambas colecionam prêmios e indicações em festivais e se destacam como produções artísticas do Norte do Brasil. “Esse reconhecimento vem não somente em forma de prêmios. Eles de fato são importantes, mas o maior prêmio é saber que nosso discurso faz sentido para o público e ele tem nos acolhido cada vez mais”, diz Robert Moura, ator vencedor dos prêmios de Melhor Ator nos Festivais de Teatro de São João Nepomuceno (MG) e Rolante (RS)
As obras
Numa pesquisa realizada em 2022 pelo Grupo Jurubebas, a obra “Tucumã e Buriti – As brocadas do Tarumã” tem levado para o país a história fictícia de duas irmãs que nasceram grudadas pelo umbigo e que tem vontades diferentes: enquanto uma delas quer ficar, outra delas que partir. A partir de uma série de contos e histórias colhidas na comunidade ribeirinha de Julião, no complexo de comunidades do Tarumã, o dramaturgo sergipano Euler Lopes escreveu com a comunidade uma história que conta bem mais do que aquilo que a própria narrativa constrói.
“Os protagonistas ganham os nomes de Tucumã e Buriti por serem as frutas que a comunidade mais consome no período de escassez e isso traz uma simbologia muito grande para nós: de que nós construímos a obra com a voz dessa comunidade e que de alguma forma nós levamos as reivindicações de Julião para que aqueles que vivem às margens sejam ouvidos”, afirma a atriz Nicka, protagonista da obra e atriz premiada.
O espetáculo será apresentado no dia 21 de agosto no Festival Nacional de Teatro de Bolso, no Distrito Federal, às 15h e também entre os dias 21 e 28 de setembro, no Festival de Cenas Curtas Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte (MG) às 19h. Todos com entrada gratuita.
Vozes da pandemia
“Desassossego” é o espetáculo mais reconhecido do Grupo Jurubebas até o presente momento. São cerca de sete troféus com destaques em atuação, direção, iluminação, dramaturgia e 20 indicações na trajetória da obra, incluindo a de Melhor Grupo no Prêmio Cenym de Teatro Brasileiro pela Academia Brasileira de Teatro. O espetáculo apresenta três narrativas de pessoas que vivem a pandemia, em especial o dia 21 de janeiro de 2021, quando Manaus sofreu com a falta de oxigênio nos hospitais.
A peça tem como principal característica o uso da língua Kokama em sua produção. “Esse trabalho é muito relevante para que nós possamos trazer uma narrativa em primeira pessoa, que nós possamos falar de nós a partir da nossa própria vivência, em especial dos indígenas do Amazonas”, diz Leandro Paz, ator indígena Kokama e que protagoniza a obra. O espetáculo será apresentado dia 12 de novembro, às 19h, no Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa (PR), um dos festivais de teatro mais antigos da América Latina.
Novos Rumos
Essa inclusão do grupo no cenário nacional do teatro brasileiro também está nos próximos passos que serão dados com a estreia do espetáculo “Na Toca do Gambá”. A obra faz parte da pesquisa do grupo na cidade de Borba, onde estarão imersos num processo que contará a história e a musicalidade deste ritmo afro ameríndio presente na região do rio Madeira. A direção é assinada por Jones Barsou e Ana Caroline, e conta com elenco de peso formado por atrizes e atores amazonenses. Este projeto tem o apoio do Rumos Itaú Cultural 2023-2024 e foi selecionado entre mais de 9 mil propostas de todos o país.
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