O presidente Donald Trump durante encontro com o israelense Binyamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca - Foto: Kevin Mohatt / Reuters

O governo dos Estados Unidos condenou, na noite desta segunda-feira, 4, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs prisão domiciliar a Jair Bolsonaro (PL). Em uma publicação nas redes sociais, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Estado, prometeu ‘responsabilizar todos aqueles que auxiliarem e incentivarem a conduta sancionada’.

A agência é um braço do departamento administrado pelo secretário Marco Rubio, que já fez manifestações públicas a favor do ex-presidente brasileiro e contra Alexandre de Moraes. Na postagem, o órgão acusa Moraes de ‘usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia’.

“O juiz Moraes, agora sancionado pelos EUA como violador dos direitos humanos, continua a usar as instituições do Brasil para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à defesa em público de Jair Bolsonaro não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a decisão de Moraes para impor prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizará todos aqueles que auxiliarem e incentivarem a conduta sancionada”, diz a agência (veja abaixo).

A publicação é, também, a primeira manifestação do governo de Donald Trump após Bolsonaro ter a prisão domiciliar decretada.

Marco Rubio é um dos porta-vozes de Trump em manifestações contra o ministro do STF. Anteriormente, o secretário anunciou a revogação do visto estadunidense de Moraes e de aliados na Corte, bem como a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado.

“A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, escreveu o secretário em 18 de julho.

Na última sexta-feira, 1º, por ocasião da reabertura dos trabalhos do Poder Judiciário após o recesso, Moraes fez um discurso no plenário do STF e declarou que irá ignorar as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos e que todos os julgamentos serão mantidos pela Corte.

“As ações prosseguirão. O rito processual do Supremo Tribunal Federal não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do Supremo Tribunal Federal irá ignorar as sanções praticadas. Este relator irá ignorar as sanções que foram praticadas e continuar trabalhando, como vem fazendo tanto no Plenário quanto na Primeira Turma, sempre de forma colegiada, diferentemente das mentiras, das inverdades, da desinformação das redes sociais. O devido processo legal no Supremo Tribunal Federal é sempre realizado pelo colegiado”, destacou o ministro.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, tomou decisão sobre prisão domiciliar de Bolsonaro – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Governo Trump aplica Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes; entenda as consequências:

Prisão domiciliar de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira, 4, após o descumprimento de medidas cautelares. No domingo, 3, o ex-chefe de Estado apareceu em vídeo publicado nas redes sociais do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho, durante manifestações bolsonaristas pelo Brasil.

Na decisão, Moraes escreveu que “agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram”.

“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro”, conclui o magistrado.

Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro afirma ter sido ‘surpreendida’ pela decretação da prisão domiciliar, ‘tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida’.

“Cabe lembrar que na última decisão constou expressamente que “em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos”. Ele seguiu rigorosamente essa determinação”, aponta a defesa.

“A frase “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos” não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso”, diz, ainda, a nota assinada pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser. A defesa aponta, também, que apresentará recurso cabível à decisão.

*Com informações de Terra