O governo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América, teria atuado discretamente para garantir que o processo eleitoral brasileiro não fosse sabotado nas eleições presidenciais de 2022. As informações são do jornal britânico Financial Times, que entrevistou ex-funcionários do Departamento de Estado dos EUA.
As fontes revelaram que o governo coordenou uma campanha em vários setores do governo dos EUA, incluindo militares, CIA, Departamento de Estado, Pentágono e Casa Branca.
A campanha durou um ano e tinha como objetivo pressionar as autoridades para a lisura do processo eleitoral. O motivo foi o ataque aos resultados das urnas pelo então presidente Jair Bolsonaro ao longo das eleições.
A movimentação dos bolsonaristas preocupou os EUA pela semelhança com a atitude do ex-presidente americano Donald Trump nas eleições de 2020, que culminou na invasão do Capitólio, em Washington. Tanto os apoiadores de Bolsonaro quantos os de Trump pediam pela anulação dos resultados da votação em seus respectivos processos eleitorais.
Tom Shannon, um dos ex-funcionários do Departamento de Estado, disse que a estratégia começou a ser arquitetada após a visita do conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, ao Brasil em agosto de 2021.
De acordo com Shannon, Sullivan saiu preocupado após a reunião com Bolsonaro: “Sullivan e a equipe que o acompanhou saíram pensando que Bolsonaro era totalmente capaz de tentar manipular o resultado das eleições ou negá-lo como fez Trump. Portanto, pensou-se muito em como os Estados Unidos poderiam apoiar o processo eleitoral sem parecer interferir”, disse.
A preocupação, de acordo com o jornal, não foi apenas do governo americano. Até mesmo o vice-presidente do Brasil na época, Hamilton Mourão, mostrou preocupação com a situação para qual estava sendo conduzida a campanha de reeleição de Bolsonaro.
Em julho do ano passado, durante uma viagem de Mourão a Nova York para um almoço com investidores, Shannon revelou uma conversa que teve com o vice:
“Quando a porta estava fechando, eu disse a ele: ‘Você sabe que sua visita aqui é muito importante. Você ouviu as pessoas ao redor da mesa sobre suas preocupações. Eu também compartilho dessas preocupações e, francamente, estou muito preocupado’. Mourão virou para mim e disse: ‘Eu também estou muito preocupado’.”
O assessor de Mourão ainda não comentou sobre o caso.
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