
Desenvolver produtos formulados a partir de óleos essenciais extraídos de plantas amazônicas do gênero Piper com ação larvicida, antiviral e antiplasmódica na Amazônia, foram os objetivos da pesquisa científica, apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizada em colaboração por pesquisadores do Amazonas, do Maranhão e do Paraná.
O estudo “Inovações tecnológicas para monitoramento, controle vetorial e dos agentes etiológicos da malária e dengue na Amazônia” também analisa a eficácia de um bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), produzido no Brasil, no controle de larvas de Anopheles darlingi, o principal vetor da malária na Amazônia.
A pesquisa reúne pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Joelma Soares da Silva, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); e João Antônio Cyrino Zequi, da Universidade Estadual de Londrina (UEL); e amparada pela Iniciativa Amazônia +10, Chamada Pública nº 003/2022, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisas (Confap).
A coordenadora do projeto no Amazonas, pesquisadora Rosemary A. Roque, do Inpa, revela que o estudo já realizou testes biológicos dos óleos essenciais com resultados inéditos os quais foram publicados em revistas internacionais de elevado impacto científico.
“Até o momento, foram realizados testes que demonstraram atividades biológicas promissoras dos óleos essenciais contra diferentes estágios: ovos, larvas, pupas e adulto, dos vetores da malária Anopheles spp. e do Aedes aegypti”, explicou Rosemary Roque.
Substâncias com potencial inibidor contra o vírus da dengue e Zika, além do agente etiológico da malária, Plasmodium vivax, já foram identificados no decorrer dos estudos, que confirma a baixa toxicidade ambiental e celular das substâncias.
Além do desenvolvimento de produtos inovadores, o projeto promove formação de recursos humanos locais, com a participação de alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Também houve a divulgação científica em escolas e eventos, reforçando a valorização da biodiversidade e do conhecimento tradicional amazônico.
Extração dos óleos essenciais
Para extração dos óleos essenciais e isolamento das substâncias, os pesquisadores usaram da biotecnologia para o controle vetorial e dos agentes etiológicos da malária e dengue. Os óleos essenciais são extraídos das folhas e galhos do gênero Piper, em especial Piper purusanum, Piper alatipetiolatum, Piper brachypetiolatum, Piper tuberculatum, Piper baccans, entre outras, coletados na Reserva Adolpho Duke e no Museu da Amazônia em Manaus, que revelaram uma ação potente contra vetores da malária e da dengue, sem efeitos tóxicos sobre organismos aquáticos não-alvos.
