Foto: Gisele Riker

A artista visual Gisele Riker lança neste sábado (4), a partir das 19h, a exposição ‘Amazônia Surreal’ durante a programação do ‘Circuito Amazon’ promovido pelo Espaço Cultural Casa Som Amazônia, localizado na Travessa Planalto, nº 3, Parque Dez de Novembro. O evento é gratuito, e os ingressos podem ser retirados através do link: Circuito Casa Som Amazônia – Sympla

“Apresento uma produção artística que reflete sobre ‘Ser Amazônida’, um sentimento que envolve rios, florestas, clima e a diversidade da cultura nortista.” Declara a artista, que continua:

“Desde criança viajo pelo interior dos estados do Amazonas e Pará vivenciando e absorvendo os sentimentos de estar numa relação íntima com a natureza, nadar em um igarapé de águas escuras, observar o balé de inúmeras folhas de diferentes formas, cores e tamanhos dançando no banzeiro do rio, se encantar com o pôr do sol, admirar as vegetações de forma inusitadas e belas… A Amazônia me encanta e é fonte de inspiração e suporte de criação nas minhas produções.” Destaca Gisele.

Na etapa de produção das fotografias, a artista passou por grandes cenários vivos da Amazônia, como: As trilhas do Museu da Amazônia (Manaus), O Lago e ponte sob o rio Uatumã (Vila de Balbina), A Cachoeira Iracema (Presidente Figueiredo) e os Igapós do Parque Nacional de Anavilhanas (Novo Airão). Para outras informações, visite o site: www.giseleriker.art ou ainda, acompanhe as publicações sobre a exposição, através do Instagram : www.instagram.com/amazoniasurreal

Sobre a concepção da Exposição ‘Amazônia Surreal’ e pesquisas

A exposição ‘Amazônia Surreal’ é fruto da pesquisa iniciada pela artista no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Gisele, algumas experimentações, inclusive, foram realizadas em exposições coletivas anteriores como Mostra de Artistas Contemporâneas’ (2017) e ‘Mostra de Arte Contemporânea Feminina’ (2019), mas só teve a oportunidade de serem continuadas, em 2020 -2021, após o projeto ter sido contemplado no Edital Prêmio Feliciano Lana, via Lei Aldir Blanc e Apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e do Governo Federal, através da Secretaria Especial da Cultura.

Processo Criativo

“A fase inicial da prática artística é estabelecida por passeios em áreas de mata, especificamente na região da Amazônia somada ao ato fotográfico atravessado pelo olhar de vislumbre e encantamento pelo reino vegetal do maior bioma do mundo e suas paisagens.

O termo ‘passeio’ é empregado nesta pesquisa como uma ação de saída da cidade para vivenciar ambientes naturais. Entrelaçado a estas práticas cultivo o pensamento indígena ao significar a terra como um ser vivo e me aproprio de sua cosmologia para fazer relações poéticas com o imaginário dos mitos. Seguido da experiência do encontro da câmera fotográfica com a mata, instauram a segunda fase da pesquisa o armazenamento das capturas em memórias digitais datadas e nomeadas pela localidade visitada, assim como as ações de eleger as imagens que serão transfiguradas digitalmente. A terceira fase consiste nas experimentações virtuais através do software Adobe Photoshop.

As decisões tomadas durante a edição direcionam para uma experiência visual que a mata não oferece, porém, este ambiente proporciona as imagens que sustentarão o processo de criação. Nessa pesquisa os arquivos fotográficos são tratados como dados que se tornam matéria prima para a construção de imagens inventadas com fotografias de um ambiente real.” Explica a artista.

Técnica

“Recriar as formas vegetais são exercícios criativos para mim, idealizo inventar formas que causem um estranhamento ao olhar, mas nem sempre este objetivo é alcançado. Busco criar relações entre as formas do mundo real e as formas do mundo inventado. Um jogo entre a imaginação e a razão das formas na natureza.

Ao replicar as formas dos elementos naturais presentes na Floresta Amazônica transformando as fotografias destes detalhes que considero completos de poesia visual, proponho conexões com os princípios do movimento Surrealista ao apresentar imagens que fogem da razão das formas da natureza cruzando imaginação e realidade.

Insisto nos disparos realizados como maneira de garantir uma quantidade significativa de material bruto para alimentar as experiências digitais inventando imagens que transitam entre a imaginação e a realidade; Repito os dados fotográficos. Transformo os cortes gráficos em imagens surreais baseadas no real, replicando os dados das fotografias na mesma imagem para explorar o maravilhoso, uma das formas que os surrealistas encontraram para atingir o outro mundo.” Ressalta Gisele.

Curadoria

A artista, professora e pesquisadora, Sandra Rey, natural do Rio Grande do Sul, é quem assina a curadoria da exposição ‘Amazônia Surreal’. Sandra é Docente no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS e pesquisadora junto ao CNPq. Orienta pesquisas na área de Poéticas Visuais.

Seu trabalho artístico é pautado pela relação arte-natureza no desenvolvimento de um projeto que articula prática artística na natureza com desenvolvimento de propostas em ateliê e reflexão teórica. Sandra ainda expõe e escreve artigos sobre arte e crítica de arte, e é representada pela galeria Mamute, de Porto Alegre.

Palavras da Curadora

“Viver na Amazônia, na cidade de Manaus, cujos processos civilizatórios imagino serem constantemente tensionados pela onipresença da floresta, sensibiliza os artistas a pensar e produzir, imbuídos que são pelo ambiente impregnado da energia viva e cósmica no interior da selva.

Não surpreende, então, que tendo sempre vivido na Amazônia, Gisele Riker coloque a floresta no centro de seu processo de pesquisa artística. Ela adentra a floresta como um ato inaugural, para viver a experiência sempre renovada de se reconectar com a natureza exercitando o olhar e o imaginário nas formas emaranhadas da vegetação.

A percepção da artista é mediada pelo visor da câmera fotográfica; ela aproxima a lente para fixar os detalhes através de inúmeros disparos, documentando a vegetação que, rompendo a densidade da floresta, se entrelaça para alcançar o céu, na busca incessante pela luz.”

Gisele percorre as trilhas, na mata, fotografando a profusão das formas que encontra pelo caminho. E retorna desses “passeios coletores” com um conjunto de fotografias. Após arquivamento e análise, algumas serão escolhidas como ponto de partida para instaurar um processo criativo na construção de uma poética pessoal.

O eixo principal desse processo é marcado pelo desejo de dar livre curso à imaginação e o sentido lúdico de repetir certos elementos presentes nas imagens para criar florestas imaginárias, atualizando o encantamento da experiência vivida na mata…” Ressalta a curadora Sandra Rey.

Programação do Circuito ‘Amazon’

Além do lançamento da exposição ‘Amazônia Surreal’, o circuito ‘Amazon’ também conta com uma programação multicultural que inclui a apresentação do pocket show ‘Batelão da Amazônia’ da cantora Ellen Fernandes e os músicos Anderson Farias (Piano) e Anderson Cerdeira (Bateria), O projeto social ‘Toque a vida pela música’ e ainda, a exposição de luminárias ‘Reinventa-se Amazônia’ da arquiteta (Design de Interiores) Carolina Campos, além de stand de produtos inspirados na obra de artistas visuais Amazonenses que são produzidos pela Manart Galeria e venda de comidas e bebidas com a ‘Cabocones’.

“É a primeira vez que a Casa Som Amazônia recebe um público externo. Eu, como representante da casa, junto aos outros sócios Anderson Farias e Anderson Cerdeira, estamos muito realizados em poder neste momento receber artistas tão importantes no nosso espaço cultural. A importância do circuito está no fortalecimento do cenário cultural e na união desses artistas e suas obras que dialogam com o tema “Amazônia” através de linguagens plurais como as artes visuais, a música, a educação…” Declara a cantora, compositora e Gestora Cultural do Espaço Casa Som Amazônia, Ellen Fernandes.

*Com informações de Gshow