Terra Indígena Yanomami sofre com estragos do garimpo ilegal desde a década de 1970; problema se agravou durante o governo Bolsonaro (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

Levantamento divulgado nesta quinta-feira (18), pela iniciativa MapBiomas mostra que, em 2022, 77% das áreas de garimpo na Amazônia brasileira estavam a menos de 500 metros de algum tipo de corpo d’água, como rios, lagos ou igarapés.

Segundo as imagens de satélite que foram reveladas agora, a Amazônia convivia com 186 mil hectares de garimpo próximos aos cursos d’água, de um total de 241 mil hectares ocupados pelos garimpeiros na região. Na época, a Amazônia concentrava 92% de toda a área garimpada do país.

“A proximidade do garimpo aos cursos d’água constitui o DNA da atividade de extração garimpeira na Amazônia, especialmente do ouro, que está quase sempre atrelado aos rios e seus depósitos aluvionares. Enquanto o desmatamento fica circunscrito à área garimpada, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores”, destacou Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.

A pesquisa mostrou ainda que cerca de 10% da área garimpada na Amazônia (25,1 mil hectares) está dentro de Terras Indígenas (TIs), especialmente nas TIs Kayapó, Munduruku e Yanomami. O MapBiomas lembra que as TIs são as áreas mais preservadas da Amazônia: de 1985 a 2022, elas perderam menos de 1% da vegetação nativa, contra 26% das áreas privadas.

“A concentração de garimpos próximo aos cursos d’água é extremamente preocupante, uma vez que populações indígenas e ribeirinhas usam quase que exclusivamente dos rios e lagos para sua subsistência alimentar. A contaminação dos rios e lagos representa para ribeirinhos e indígenas a fome, a sede e graves riscos à saúde destas comunidades – todos muito mais graves nas fases iniciais da vida”, apontou Diniz.

O MapBiomas é uma iniciativa que reúne universidades, organizações da sociedade civil e empresas de tecnologia que trabalham para monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil. O objetivo é trabalhar pela conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais.

Com informações do Brasil de Fato