Gabriel Galípolo foi indicado por Lula para a presidência do Banco Central - Foto: : Pedro França / Agência Senado

O plenário do Senado Federal aprovou na tarde desta terça-feira (8), por 66 votos contra 5, a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. Mais cedo, ele havia sido aprovado com unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, após sabatina.

Galípolo assume a presidência do BC em 2025, sucedendo Roberto Campos Neto. A indicação de Galípolo foi feita oficialmente pelo presidente Lula em 28 de agosto.

Roberto Campos Neto permanecerá no cargo até 31 de dezembro deste ano. Se aprovado, Galípolo assumirá a presidência em 1º de janeiro de 2025. Esta é a primeira mudança de comando no BC após a implementação da lei de autonomia do órgão, que entrou em vigor em 2021. O mandato do presidente do BC é de quatro anos, sendo que o indicado presidirá o banco durante os dois primeiros anos sob a administração que o nomeou e os dois anos seguintes sob o próximo presidente da República.

Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária do BC. Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enfrenta críticas frequentes do presidente Lula, que o considerou um “adversário” devido à desvalorização do real em relação ao dólar.

Sabatina

O Banco Central opera com autonomia em relação ao governo. Assim, o presidente e os diretores do BC, apesar de indicados pelo presidente da República, cumprem mandatos que visam garantir a estabilidade do sistema financeiro, controlando a variação de preços e a taxa de desemprego.

A sabatina de hoje permitiu que os senadores avaliassem a capacidade técnica e a imparcialidade de Galípolo. Durante a reunião da comissão, ele foi questionado sobre suas estratégias para combater a inflação e se tomaria decisões de forma independente ou sob influência do Palácio do Planalto.

Durante a sabatina, Galípolo teceu elogios ao presidente Lula e garantiu uma nova operação no BC – totalmente independente, pois o presidente teria garantido e sido “enfático” sobre a “liberdade na tomada de decisões.”

“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”, disse.

Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central – Foto: Agência Senado

Outra questão para Galípolo foi sobre controle de inflação. Ele pretende apostar no empreendedorismo e desenvolvimento de economia sustentável, como disse:

“Para garantir que o atraso não seja fruto do avanço na direção errada. O Brasil tem a oportunidade histórica de se apresentar como destino atrativo para o empreendedorismo e a inovação voltada para economia sustentável, se consolidando como polo e referência global na erradicação da pobreza e crescimento da produção e produtividade com redução da emissão de poluentes”, disse.

Questionado sobre a suposta animosidade entre Lule e Campos Neto e a relação dele com isso, Galípolo afirmo que o relacionamento dele com ambos é “o melhor possível,” e não tem queixas perante nenhum dos dois. Porém, disse que gostaria de ter feito melhor mediação entre os dois:

“Não consigo fazer qualquer queixa a nenhum deles. Sinto não poder corroborar com uma ideia eventual de que poderia existir algum tipo de polarização da minha parte. Até me ressinto aqui, faço uma mea culpa, gostaria de, dentro das minhas funções, ter colaborado para que essa relação entre Banco Central e o próprio Poder Executivo fosse melhor ainda do que tem sido”.

Quem é Gabriel Galípolo?

Gabriel Galípolo, economista de 42 anos, é o atual diretor de Política Monetária do BC. Nascido em São Paulo, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad e ocupa a diretoria do BC desde julho de 2023. Formado pela PUC-SP, foi professor universitário de 2006 a 2021 e presidiu o banco Fator de 2017 a 2021.

Galípolo também atuou na campanha de Lula à Presidência e na equipe de transição do governo. No ano passado, foi o principal auxiliar do ministro da Fazenda e, em julho, exerceu a presidência do BC interinamente durante as férias de Campos Neto. Possui mestrado em Economia Política pela PUC-SP e é professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em parceria com a London School of Economics.

Em 2007, Galípolo foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo e, no ano seguinte, diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado.

*Com informações de IG