Com mais de 550 milhões de usuários mensais em todo mundo, o Telegram é um dos aplicativos de mensagens mais famosos da atualidade. Diferentemente de outras plataformas, ele possibilita montar grupos de contatos com até 200 mil pessoas e tem sido protagonista no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Foi por seu canal no Telegram que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, enviou uma mensagem de vídeo ao povo, pedindo união e resistência contra os ataques russos. O Telegram se tornou o app de mensagens mais popular da Ucrânia, sendo usado para compartilhamento de informações entre civis e também de fake news, que têm piorado a já caótica situação local.
Por trás de toda essa história está Pavel Durov, que tem sido chamado de “Mark Zuckerberg russo”. Ao lado do irmão Nikolai, Pavel criou o Telegram em 2013. Os dois ficaram bilionários após fundar a companhia VKontakte (VK), uma espécie de Facebook russo.
Só que a relação dos dois com a Rússia não era exatamente boa. Em 2014, os irmãos saíram do país após Pavel se recusar a compartilhar com as autoridades os dados de seus usuários. No mesmo ano, o governo russo proibiu o uso do app em seu território — decisão que foi revertida em 2020.
No conflito atual entre Rússia e Ucrânia, o app foi adotado como uma das fontes “não-oficiais” de notícias, relata o Guardian. Ao redor do mundo, a plataforma tem sido usada por grupos polêmicos, conta o jornal inglês. Entre eles, comunidades antivax e apoiadores de Donald Trump.
O papel do Telegram tem preocupado os Durov. Há alguns dias, em razão da desinformação propagada dentro do Telegram, Pavel considerou fechar o serviço nos países envolvidos na guerra. “Não queremos que o Telegram seja usado como uma ferramenta que incita o ódio étnico”, disse em uma publicação na rede social.
Algumas horas depois, mudou de ideia e fez um post reforçando o pedido para que as pessoas tomem cuidado com a fonte das notícias. “Verifique novamente e não acredite em dados publicados nos canais do Telegram durante este difícil período”, disse.
Histórico
Com uma fortuna estimada em US$ 17 bilhões após a venda da VK, segundo a Forbes, Pavel ficou conhecido por ser uma figura com atitudes polêmicas. Ele chegou a causar um alvoroço em frente à sede do negócio após arremessar aviões de papel com notas de dinheiro da sua janela. Também já ofereceu um emprego ao whistleblower Edward Snowden.
Mais recentemente, tentou empreender na área de criptoativos nos Estados Unidos, mas teve o negócio proibido de circular em razão da regulação norte-americana — Pavel teve de devolver US$ 1,7 bilhão que havia levantado junto a investidores.
Agora, o empreendedor busca maneiras de monetizar o Telegram. Segundo Pavel, seu objetivo é que o app nunca exiba anúncios, por isso busca alternativas em patrocínios de canais dentro da plataforma. Outra pauta do empresário é levar a companhia a um IPO, operação que envolve movimentações milionárias com abertura de capital, plano confirmado por um porta-voz do Telegram ao Guardian.
Com informações da Revista PEGN