
André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirmou nesta quarta-feira (26) em Berlim que a exploração de petróleo na Foz do Amazonas será uma “decisão nacional”, não um consenso. “Consenso a gente teve no Acordo de Paris”, declarou o diplomata em entrevista à imprensa durante o Diálogo Climático Petersberg.
Promovido anualmente pelo governo alemão, o evento é o primeiro encontro de alto nível sobre a crise do clima realizado na ausência dos EUA. Em um dos seus primeiros atos de governo, em janeiro, Donald Trump anunciou a saída americana do Acordo de Paris, como já havia feito em seu primeiro mandato.
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Indagado se o debate sobre a exploração do petróleo, tão defendida pelo presidente americano, não causaria algum tipo de constrangimento ao país neste momento, Corrêa do Lago afirmou que o debate era público e aberto, “uma oportunidade para demonstrar o quanto o Brasil quer ser transparente”.
Como exemplo dessa transparência, citou a escolha de Belém para a conferência, “que não é a cidade com a melhor infraestrutura, com os hotéis que a maioria das pessoas espera”, mas sim um dos centros urbanos “com mais desafios sociais no país”.
“O presidente Lula não quer esconder o fato de que ainda somos um país em desenvolvimento com muitas questões a serem debatidas. A questão do petróleo na Amazônia é um desses assuntos”, declarou o diplomata ao lado de Annalena Baerbock, ministra de Relações Exteriores da Alemanha, e Wopke Hoekstra, comissário europeu para o Clima.
“Neste momento, no Brasil, está havendo uma discussão entre aqueles que são totalmente contra e aqueles que são totalmente a favor. Acho que há algo no meio-termo, que precisa ser baseado em informações racionais.”
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vive uma forte disputa interna sobre o tema, com troca de farpas frequentes entre os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Marina Silva (Ambiente). Na semana passada, a ministra anunciou uma reunião das pastas sobre o assunto, “técnico”, como define, para depois da viagem em curso do presidente ao Japão.
