Foi encontrado às margens do rio Purus, no sul do Amazonas , um pedaço das vértebras de um Purussaurus , o maior jacaré que já existiu na Terra e que viveu na Amazônia há mais de 10 milhões de anos. Segundo reportagem da agência Deutsche Welle, o fóssil foi encontrado pelo ribeirinho Gerimar do Nascimento . “Eu vi aquela parte de osso e sabia que não era do nosso tempo”, disse.
Segundo Carlos D’Apólito , professor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Universidade Federal do Acre (UFAC) , o achado trata-se de três vértebras articuladas, e afirmou que “não é comum achá-las assim, uma do lado da outra”. Para Carlos, o fóssil pode ajudar a ciência a entender melhor a anatomia da espécie, e entender em que parte da coluna vertebral este pedaço estaria.
A peça vai ser levada até o Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da UFAC , em Rio Branco, onde será estudada. O nome de Geri, que encontrou o fóssil, vai aparecer junto com aquela parte do Purussaurus — um dos raros casos em que a identidade de quem localizou um fóssil é conhecida e documentada, segundo o pesquisador.
“Existe uma parcela do trabalho de campo que acaba sendo feito por pessoas que não são formalmente paleontólogos, que ficam como invisíveis, e que, às vezes, não aparecem nem nos agradecimentos”, afirma D’Apólito.
A espécie Purussaurus
O Purussaurus brasiliensis está extinto há 8 milhões de anos e é conhecido como o maior jacaré que já viveu no planeta. Sua mordida era 20 vezes mais poderosa que a de um tubarão branco e duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex.
Ele viveu na América do Sul , na região da Amazônia, no período Mioceno (entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás). Nesta época, os dinossauros tinham sido extintos há cerca de 40 milhões de anos, e os seres humanos ainda não existiam. A espécie parente do jacaré foi descoberta pela primeira vez em 1892.
De acordo com Aline Ghilardi, paleontóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em entrevista para a BBC em 2015, o animal precisava comer em média 40 kg de comida por dia para sustentar o seu corpo que podia passar dos 12 metros de comprimento.
“O mioceno foi uma era marcada por grandes mamíferos na região da Amazônia. Havia preguiças de cinco metros, por exemplo. Isso era perfeito para o Purussarus”, contou Ghilardi.
Outros fósseis
A temporada seca na Amazônia é a época em que os paleontólogos aproveitam para buscar fósseis nas margens expostas dos rios. Neste ano, o nível do rio Purus está abaixo da média. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil enfrenta atualmente a maior seca da história.
Perto de onde o Purussaurus foi encontrado, o professor da UFAC, Edson Guilherme, também encontrou o crânio de uma tartaruga com duas órbitas oculares, narina e mandíbula associada — uma espécie ainda desconhecida da ciência. “Somos os primeiros seres humanos a ver o crânio desta espécie no mundo. Isso é emocionante”, contou o professor.
O pesquisador Alceu Ranzi contou para a agência que a região era o fundo de um grande lago. “Aqui tinha uma fauna riquíssima: jacarés, tartarugas, preguiças, roedores, todos gigantes”, comentou.
O pesquisador encontrou uma parte do fêmur de uma preguiça gigante, animal terrestre que pesava várias toneladas e era herbívora. Diversas espécies desses animais gigantes existiram por milhões de anos, inclusive na época do Purussaurus.
“Ela possivelmente veio tomar água neste lago e um Purussaurus estava à espreita e a devorou. É por isso que aparecem fossilizadas dentro de um lago, já que não é o ambiente delas. Elas foram trazidas ou predadas aqui”, imaginou o pesquisador.
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