Queimadas na Amazônia agridem 95% das espécies da Amazônia, sendo 82,5% delas em extinção, alerta pesquisa (Foto: Paulo Brando / IPAM)

As mudanças climáticas e as ações do homem podem ser responsáveis pela redução da capacidade de sequestro de carbono na floresta amazônica, aponta estudo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), publicado nesta segunda-feira (10), na revista científica “Forest Ecology and Management”.

O estudo indica que as florestas expostas a extremos climáticos como incêndios e seca, acabam perdendo a capacidade de retirar carbono da atmosfera e armazená-lo no solo.

Ao perder a capacidade de estocar carbono no solo, as árvores passam a usar suas reservas de energia para conseguir suportar os eventos extremos e sobreviver. “Como consequência, a floresta reduz sua capacidade de retirar carbono da atmosfera, agravando a emergência climática, além de ameaçar a capacidade da floresta de se manter viva”, detalha em nota Maracahipes-Santos, coordenador da Estação de Pesquisa Tanguro, pesquisador do IPAM e um dos autores do estudo.

“Essas florestas atingidas por fogo e seca vão se tornando cada vez mais degradadas ao longo do tempo, principalmente devido à redução do intervalo de tempo entre esses eventos extremos, impedindo que elas se recuperem”, ressalta o pesquisador.

A pesquisa é uma das primeiras a investigar a relação entre queimadas e o solo na Amazônia. Os resultados foram alcançados após um levantamento que ocorreu ao longo de seis anos, entre 2004 e 2010, coletando dados de partes da floresta frequentemente atingida pelo fogo experimental e outra preservada, ambas passaram por dois episódios de seca extrema durante o estudo.

Foram coletados uma série de dados, entre eles o crescimento de raízes, a troca de carbono entre o ar e o solo, além da idade do carbono das reservas de energia usadas pelas árvores.

Os dados apontam que a troca de carbono entre o solo e a atmosfera foi 18,7% menor na floresta estudada atingida pelo fogo, isso ocorre porque as chamas afetam as árvores e suas raízes, que precisam ainda lutar contra o estresse causado pela seca para sobreviver, causando uma redução no processo de fotossíntese.

Foram realizados exames de troca de carbono mensais, bem como análise do crescimento de raízes finas, importantes para a renovação das árvores e para garantir que as trocas gasosas e de nutrientes sejam eficientes.

Além disso, houve ainda a análise do uso de reservas de energia das árvores, por meio da datação do carbono presente nas moléculas de açúcares e amidos das plantas, onde foi observada a diminuição da capacidade das árvores de produzir novas moléculas de energia quando atingidas pelos extremos climáticos.

Com informações de Um Só Planeta