A Polícia Civil do Rio investiga o caso de uma mulher de 27 anos que afirma ter saído sem enxergar, sem ouvir e sem caminhar de uma cirurgia plástica para colocar silicone. Em nota, o hospital afirma que a cirurgia foi feita por uma médica sem vínculo com a unidade. Já a médica diz que todos os cuidados foram tomados (veja mais abaixo).
Luciene de Souza estava insatisfeita com seu corpo e decidiu colocar próteses de silicone no Hospital Semiu, uma unidade particular na Vila da Penha, zona norte do Rio. Ela conta que gastou, aproximadamente, R$ 20 mil com médico, hospital, prótese e exames.
A cirurgia foi realizada no dia 26 de julho de 2024. “Quando acordei, já estava cega, surda e sem os movimentos do peito para baixo. Fiquei sete dias sem enxergar.” Ela afirma ter sido informada, depois, que teve uma parada cardíaca.
“Depois de receber doses de corticoide, minha visão começou a voltar em preto e branco. Hoje, enxergo cerca de 70%, mas, desde o momento em que acordei da cirurgia, estou sem ouvir, sem andar e com parte dos movimentos comprometida.” afirmou Luciene Souza.
Ela afirma que não teve qualquer explicação do que pode ter provocado essas sequelas. Desde então, está em busca de respostas e tentando recomeçar. Luciene é mãe de duas crianças, de 8 e 6 anos de idade.
Um laudo do hospital compartilhado por Luciene com a reportagem indica que ela teve “quadro neurológico, comprometendo audição, visão e paraplegia”. E que, durante a cirurgia, Luciene teve taquicardia e hipertensão. “Foram administradas várias medicações na tentativa de acordar a paciente”, indica o laudo.
“Não me deram explicações. Simplesmente me transferiram para um hospital público para cuidar apenas da parte das mamas e, desde então, [a médica que operou] disse que não poderia mais me ajudar. Eu não sei se foi pela anestesia, não sei se foi por causa da parada cardíaca que tive. Eu realmente não sei. Mas acredito que algo aconteceu durante a cirurgia, porque eu sempre fui uma pessoa ativa, nunca apresentei nenhum tipo de problema de saúde.” disse Luciene Souza
Ela foi transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar para fazer a retirada da prótese. Luciene precisou tirar um pedaço da virilha para usar de enxerto e colocar no espaço dos seios. “Quando acordei daquele jeito [no hospital Semiu], os médicos se apressaram em realizar exames para entender o que tinha acontecido, mas esqueceram do silicone. Quando retiraram o curativo, a região já estava necrosando.”