Com a sua ex-mulher Melinda French – de quem se divorciou em 2021 após 27 anos de relacionamento –, Bill Gates anunciou que os seus filhos Jennifer (27 anos), Rory (23) e Phoebe (21) vão herdar menos de 1% de sua fortuna, precisamente “apenas US$ 10 milhões cada” (equivalente a quase R$ 50 milhões, na cotação atual). Os restantes 99% ficarão para a Fundação Bill e Melinda Gates, considerada pelo ex-casal como seu “quarto filho”, como revelou Mark Suzman, diretor executivo da entidade, ao Wall Street Journal.
“É um desserviço para as crianças ter enormes somas de riqueza. Isso distorce tudo o que eles podem fazer ao criarem seu próprio caminho”, explicou Gates em entrevista passada ao This Morning. “Nossos filhos receberão uma ótima educação e algum dinheiro, então nunca serão pobres, mas terão suas próprias carreiras”, defendeu.
Gates ocupa hoje o sétimo lugar no seleto grupo de bilionários mundiais da Forbes. Aos 68 anos, ele soma um patrimônio de US$ 124,5 bilhões (R$ 617 bilhões) — valor exorbitante que não lhe gera efetivamente uma satisfação, diferentemente do contato com sua família, seus amigos e ações com impacto social positivo, conforme afirmou em diversas entrevistas. Isso explica a decisão do bilionário de deixar menos de 1% de sua riqueza para cada um dos filhos.
Tudo indicaria que os três herdeiros dos Gates estão seguindo os desejos do pai. A mais velha, Jennifer, concluiu o mestrado em saúde pública na Universidade de Columbia no ano passado e ganhou o prêmio Excelência em Saúde Pública Geral, após ter estudado biologia em Stanford.
Ela é casada com o cavaleiro egípcio Nayel Nassar, com quem teve uma filha em 2023. Este foi um dos melhores anos para Gates por ter “se tornado avô”, como escreveu ele em suas reflexões no ano passado. O nascimento da neta o levou a refletir sobre o mundo que deseja deixar para a menina.
Enquanto isso, Rory, um menino “inteligente, educado e feminista”, como Melinda orgulhosamente o descreveu à Time, formou-se na Universidade de Chicago com “uma dupla especialização e um mestrado” que obteve em apenas quatro anos.
Já Phoebe Gates, que frequentemente aparece acompanhando o pai em eventos de caridade, nos quais até faz discursos, é estudante de Stanford e ativista pelos direitos reprodutivos e pela igualdade de gênero. Em outubro passado, ela publicou uma foto em Paris ao lado do novo namorado, o investidor Arthur Donald. Com o clique, a caçula de Bill Gates confirmou o relacionamento com o neto do cantor e compositor ex-Beatle Paul McCartney.
A Microsoft já não é mais uma das prioridades de seu cofundador Bill Gates. O magnata renunciou ao conselho de administração em março de 2020, investiu parte de sua fortuna em diversas empresas e tornou-se um dos maiores proprietários de terras agrícolas dos Estados Unidos. Tornou-se, também, filantropo em tempo integral, envolvendo-se principalmente em projetos de educação, iniciativas contra as alterações climáticas e promoção da saúde pelo mundo.
“O dinheiro não tem utilidade para mim além de um certo ponto. A sua utilidade reside exclusivamente na construção de uma organização e na entrega de recursos aos mais pobres do mundo”, já disse Gates, numa de suas frases mais famosas.
Melinda também tomou a iniciativa de doar grande parte de sua fortuna – US$ 10,6 bilhões (R$ 52,5 bilhões), segundo a Forbes – por achar “absurdo que tanta riqueza esteja concentrada nas mãos de uma única pessoa”, disse ela.
A fundação busca “promover a nossa visão de que todas as pessoas devem ter a oportunidade de viver uma vida saudável e produtiva”, já afirmaram Bill Gates e Melinda, que dedicam grande parte do seu tempo à realização de projetos de desenvolvimento através da filantropia.
Até 2026, a Fundação Gates pretende gastar US$ 9 bilhões por ano em áreas de inovação, como a prevenção de futuras pandemias, a redução da mortalidade infantil, a melhoria da segurança alimentar e a adaptação climática.
Com cada objetivo da fundação, vieram também críticas e ceticismo em relação às verdadeiras intenções de seus membros fundadores. Em particular, questiona-se a enorme influência acumulada pela Fundação Gates, apesar de a entidade ser considerada apolítica. Um exemplo é a relevância que a a fundação tem na Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo o seu segundo maior contribuinte, depois do governo dos Estados Unidos. Somente a entidade de Gates é responsável por mais de 88% do total doado por fundações filantrópicas.
“Se eles deixassem a sua riqueza aos seus descendentes, seriam devidos impostos patrimoniais significativos após a morte. Ao fazer doações de caridade na forma de ações, eles e seus herdeiros poderiam escapar dos impostos. Ao transferir quase toda a fortuna para organizações filantrópicas, bilionários como Gates estão colocando grandes quantidades de riqueza permanentemente fora do alcance do Internal Revenue Service”, afirma um artigo publicado em The New Yorker.
Com informações de O Globo