Ana Corina, filha de María Corina Machado, recebe Nobel da Paz em nome da mãe - Foto: Reprodução / YouTube

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, não chegou a tempo para participar da entrega do Prêmio Nobel da Paz nesta quarta-feira, 10, em Oslo, na Noruega, e quem recebeu a premiação foi sua filha, Ana Corina Sosa Machado. A presença de María era incerta, uma vez que a viagem foi proibida pelo governo de Nicolás Maduro.

No palco do evento, uma cadeira vazia foi colocada de forma simbólica para representar a ausência da venezuelana. Ao lado, foi colocado um quadro com uma foto de María Corina. A opositora, de 58 anos, está em segurança e ainda deve viajar a Oslo, segundo divulgado pelo Instituto Nobel Norueguês.

Ana Corina, a filha, fez um discurso emocionado após receber o prêmio da mãe, e foi aplaudida de pé pelo público. Ela confirmou que María chegará à cidade ainda nesta quarta-feira. “Em poucas horas, poderemos abraçá-la aqui em Oslo, após 16 meses vivendo escondida”, disse.

“Enquanto aguardo esse momento, penso nas outras filhas e filhos que não poderão ver suas mães hoje. É isso que a impulsiona. Ela quer viver em uma Venezuela livre e nunca desistirá desse propósito”, continuou.

Em seguida, a filha leu um discurso escrito pela mãe, que segundo ela, deve voltar em breve para a Venezuela, para continuar com seu propósito.

A entrega do prêmio aconteceu no prédio da prefeitura de Oslo, e teve a presença do rei Harald, da rainha Sonja e quatro presidentes latino-americanos, sendo eles Javier Milei, da Argentina, Daniel Noboa, do Equador, José Raúl Mulino, do Panamá e Santiago Peña Palacios, do Paraguai.

O opositor Edmundo González Urrutia, que vive na Espanha, a mãe de María Corina, Corina Perez de Machado, e a neta de Martin Luther King Jr, Yolanda Renee King, também estavam na plateia.

Quem é María Corina

María Corina Machado, de 58 anos, nasceu em Caracas em 7 de outubro de 1967. Ela é engenheira industrial por formação, e seu pai foi um importante empresário do setor siderúrgico da Venezuela. Suas raízes de classe alta a tornaram alvo de críticas do partido socialista que governa a Venezuela.

Machado obteve uma vitória retumbante nas eleições primárias da oposição em 2023 e seus comícios atraíram grandes multidões, mas uma proibição de ocupar cargos públicos a impediu de concorrer à Presidência contra Nicolás Maduro em uma eleição em 2024, e então ela se escondeu.

A autoridade eleitoral e o Supremo Tribunal da Venezuela afirmam que Maduro, cujo mandato tem sido marcado por uma profunda crise econômica e social, venceu a eleição, embora nunca tenham publicado os resultados detalhados.

Machado saiu da clandestinidade para fazer uma breve aparição durante um protesto antes da posse de Maduro em janeiro. Ela foi presa por um breve período e depois libertada.

María Corina recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro “por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia” no país, segundo a organização.

*Com informações de Terra