Fafá de Belém voltou a criticar o Rock in Rio. Em entrevista a Splash, a cantora disse que não ficou satisfeita com a resposta do festival à sua reclamação em relação à ausência de artistas amazônicos na ocasião do lançamento do Dia Brasil, bem como da gravação da música “Deixa o Coração Falar”.
Fafá diz que a resposta do festival à sua manifestação foi “grosseira”. “Não fizeram um ‘mea culpa’, pelo contrário. Fizeram um manifesto sugerindo que eu queria estar lá. Achei muito grosseiro, muito grosseiro. […] Mas, tudo bem. Minha couraça segura a onda.”
Não tinha nenhum artista amazônico [na música]. Depois, eles consertaram, botaram ali [na programação]. Quando eu vi aquilo, fiquei absolutamente chocada, protesta Fafá de Belém.
Na ocasião, o Rock in Rio afirmou que a programação ainda estava “em construção”. “O formato único dos shows deste dia, que envolve diversas colaborações inéditas entre os artistas, traz com ele desafios artísticos e logísticos significativos. […] O Rock in Rio olha para a diversidade como um todo […] e um exemplo disso foi o Show Pará Pop, no Palco Sunset, capitaneado por Fafá de Belém com grandes nomes do Pará, e que se tornou um dos shows mais emblemáticos da história deste palco”, respondeu o festival, se referindo à apresentação de 2019.
A cantora disse que sua reclamação foi “ignorada” por alguns artistas amazônicos, sem citar nomes. “Alguns artistas da minha terra meio que me deram um ‘bypass’. Mas eu não estou preocupada, nem estava querendo [estar no] palco do Rock in Rio.” À Veja, Gaby Amarantos foi uma das artistas que defendeu o festival, afirmando que foi convidada pelo festival antes do comentário de Fafá e que o Rock in Rio “sempre exaltou o Norte.”
“Com 50 anos de carreira e 68 de idade, eu nunca tive travas, mas fui muito cancelada. Muitas vezes fui cancelada, porque eu não me adequava aqui, eu não puxava o saco daqueles [ali]. Hoje, cada vez menos, tenho medo do cancelamento. E, naquele momento, era preciso falar”, diz Fafá.
Ela acrescenta que outros artistas foram inseridos na programação “de última hora”. “Que bom que deu tempo de, antes de fechar, chamar artistas amazônicos”, disse. Após as críticas da artista, o festival anunciou como atrações Victor Xamã, Gang do Eletro e Suraras do Tapajós, todos da região Norte do país.
Fafá diz que o povo amazônico é “olhado como uma alegoria” pelo restante do Brasil e destacou o fórum sobre a Amazônia que promove anualmente. “Nós temos pensadores, temos fotógrafos, temos dançarinos, temos pintores, temos cantores, temos autores. E é sobre isso que é esse meu fórum, de sair da alegoria para começar a discutir o pensamento o ser amazônico, e que temos muito a acrescentar, principalmente para quem quer saber de Amazônia. Ninguém sabe mais da Amazônia do que nós”, protesta.
Belém receberá “Rock in Rio” antes da COP-30
Em agosto, Roberto Medina anunciou que promoverá uma edição do Rock in Rio em Belém antes da COP-30. A conferência da ONU sobre mudanças climáticas acontecerá em novembro. Belém receberá shows nacionais e internacionais em paralelo ao festival The Town, em São Paulo.