“A Itália nos escolheu. Não vamos trair [o país], como nunca o fizemos.” Assim teve início o pronunciamento de Giorgia Meloni após ser eleita primeira-ministra italiana. O posto nunca havia sido ocupado por uma mulher. Meloni é filiada a um partido de extrema direita, que tem suas raízes no fascismo. A nova configuração política do país também institui a ascensão de um governo mais conservador – o que não ocorre desde Benito Mussolini, antes da Segunda Guerra Mundial.
Embora a apuração não tenha sido totalmente concluída, o partido Irmãos da Itália tem vitória assegurada, com 26% dos votos. A coligação é formada por A Liga, de Matteo Salvini, que recebeu 9%, e Forza Itália, de Silvio Berlusconi, com 8%. Dessa forma, a extrema direita alcança 44%, e o bloco de esquerda fica com 29%. Os números ainda não são oficiais, mas os adversários já confirmaram a derrota. A coalizão liderada por Meloni fica, assim, com a maioria nas duas Casas do congresso italiano.
“Se formos chamados a governar esta nação, faremos isso por todos, faremos por todos os italianos e faremos com o objetivo de unir o povo”, afirmou Meloni na sede do partido, em Roma.
Desde 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Itália não tem um governo tão conservador. O Irmãos da Itália, por exemplo, tem raízes neofascistas. A própria Meloni começou a carreira política como ativista juvenil no neofascista Movimento Social Italiano. Ela, no entanto, rejeita a ideia e diz que a direita deixou o fascismo para trás há muitos anos.
Na prática, deputados apoiadores de Meloni votaram contra a resolução que estabelece a Hungria, do primeiro-ministro Viktor Orbán, como “um regime híbrido de autocracia eleitoral”. Não à toa, Balázs Orbán, diretor político húngaro, foi um dos primeiros a comemorar a vitória na Itália: “Nestes tempos difíceis, precisamos, mais do que nunca, de amigos que compartilhem uma visão e abordagem comuns aos desafios da Europa”.
Meloni também apoia abertamente o partido nacionalista Lei e Justiça da Polônia, a sigla anti-imigrantes Democratas Suecos, e a coligação de extrema direita Vox, na Espanha. Tanto que esteve em Marbella, durante o verão, e discursou contra imigração e homossexualidade.
O fato é que a extrema direita cresceu muito nos últimos anos, principalmente com a piora das condições econômicas. A guerra na Ucrânia agravou a situação. O inverno está chegando, e a aposta é que, com as ameaças russas de Vladimir Putin, os preços da energia atinjam preços ainda mais altos.
*Com Metrópoles