Emoção e cobrança por justiça para mulheres vítimas de violência de gênero marcaram a abertura oficial da exposição “Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, nesta terça-feira (18/3), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A mostra, promovida pela Procuradoria Especial da Mulher da Aleam, Comissão da Mulher, da Família e da Pessoa Idosa, e Presidência da Casa, acontece no hall de entrada do prédio principal do Parlamento Estadual.
A exposição faz parte das ações da Casa em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e também celebra os dois anos de criação da Procuradoria Especial da Mulher da Aleam, órgão que oferece suporte psicossocial e jurídico às vítimas e suas famílias, além de acompanhar o andamento dos processos junto ao Poder Judiciário. A mostra, aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, reúne 12 casos emblemáticos de violência contra mulheres acompanhados pela Procuradoria da Mulher.
“Esta exposição é um grito de protesto das mulheres do Amazonas contra a violência, pois somos um dos estados com maiores índices de violência contra a mulher, no Brasil”, apontou a deputada Alessandra Campelo (Podemos), presidente da Procuradoria da Mulher.
Casos
Entre os temas abordados estão violência doméstica, importunação sexual, violência política de gênero e feminicídios. Alguns casos já tiveram desfecho judicial, enquanto outros aguardam por justiça.
Um dos casos apresentados é o caso da policial militar Deusiane Pinheiro, que morreu, aos 26 anos, nas dependências de batalhão da PM em Manaus, em 2015. No próximo dia 1º de abril o crime completa 10 anos, e a mãe da policial, Antônia Assunção, presente ao evento desta manhã, falou sobre a luta por justiça.
“São 10 anos em que aguardo punição para os envolvidos na morte da minha filha”, disse Assunção, afirmando que eventos como este promovido pela Aleam são fundamentais para que esses casos “não caiam no esquecimento e sendo apenas mais um número nas estatísticas de feminicídio”.
A mãe de Deusiane relatou, ainda, o apoio recebido pela Procuradoria da Mulher, que atua com suporte jurídico e psicológico. “Sou perseguida pelos responsáveis pela morte da minha filha, mas a Procuradoria me ajuda na luta na busca por justiça”, declarou emocionada.
Outro caso revisitado pela exposição é o de Brenda Jaqueline Frutuoso, vítima de tentativa de homicídio pelo ex-companheiro. Brenda foi golpeada várias vezes com uma faca, em dezembro último, na casa do casal, localizada no município de Presidente Figueiredo (distante 107 quilômetros de Manaus). O crime aconteceu na frente dos filhos, um menino de 8 anos e uma menina de 12 anos.
“Apesar de dolorido para nós (vítimas), falarmos sobre essas agressões é essencial para que outras mulheres, que também passam por isso, tenham coragem de denunciar”, afirmou Brenda.
A deputada Alessandra ratificou a necessidade de falar sobre violência de gênero, classificando como essencial para combater a desigualdade, denunciar e romper o ciclo de violência.
“Trazemos os casos à tona porque a sociedade tem que ver, tem que ficar horrorizada, tem que se mobilizar”, declarou Campelo, afirmando que não se pode fazer de conta que não existe violência contra a mulher. “É o mês da mulher, vamos entregar flores e falar ‘você é a rosa do meu jardim’. Não! Nós temos que falar dessas ‘rosas’ que foram arrancadas, cortadas, maltratadas, estupradas e mortas” declarou a parlamentar.
Ficha técnica:
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Exposição Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada
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Fotos: Arquivo pessoal e Miguel Almeida
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Curadoria: Jornalista Lucius Gonçalves
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Texto e pesquisa: Jornalista Emanuel Mendes Siqueira
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Arte e designer: Marcelo Figueiredo
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Assessoria de Comunicação: Jornalista Fernanda Medeiros
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Realização: Deputada Alessandra Campelo e deputado Roberto Cidade
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Incentivo: Comissão da Mulher, da Família e da Pessoa Idosa; Procuradoria Especial da Mulher e Poder Legislativo