Ernesto Paglia em '3x Ártico', estreia hoje no Globoplay (Foto: Divulgação)

Poucas pessoas podem dizer que já estiveram três vezes na Groenlândia, e este é o caso de Ernesto Paglia, que esteve no território dinamarquês em 1995, 2007 e, agora, em 2023.

“3x Ártico – O Alerta do Gelo” estreia chega hoje ao Globoplay e, com a apresentação do jornalista, a produção mostra os impactos do aquecimento global em Qaanaaq, uma aldeia Inuit, no noroeste da Groenlândia. Acompanhado pelo cinegrafista Marco Antônio Gonçalves e do guia canadense Jim Allan – que também estiveram presentes nas últimas duas vezes -, Paglia enfrentou alguns perrengues durante a produção.

“Convidamos um pesquisador da Dinamarca para nos acompanhar, mas ele não conseguiu chegar porque o mau tempo cancelou o voo daquela semana e só teria outro na seguinte. Ele não poderia esperar e voltou. Lá é assim, muito comum”, conta Ernesto Paglia, em entrevista a Splash

O jornalista lembrou de quando, em 1995, presenciou a caça de uma morsa por caçadores. À época, a intenção era de matar o animal para comer. No entanto, mesmo o “motivo nobre” não foi o suficiente para fazê-lo encarar a carne.

“Começam a retalhar o bicho, e eles têm que fazer isso rapidamente, antes que a carne congele. É pouco tempo enquanto para retalhar e separar o que interessa: carne e couro para dividir com os outros caçadores; também um pedaço para os cães. Quando eles chegam no fígado da morsa, comem uma espécie de ‘sashimi de fígado de morsa’. Como repórter, eu deveria experimentar, mas não consegui. Deu medo de passar mal”.

Paglia enfrentou temperaturas de – 30ºC. Para ele, havia o desafio de conseguir dormir de maneira confortável e não arriscar perder as extremidades do corpo, como dedos e ponta do nariz.
Importância

O jornalista aspira conseguir alertar ao público sobre os perigos do aquecimento global com o “3x Ártico – O Alerta do Gelo”. Ao mostrar um local como a Groenlândia, sua intenção é chocar ao revelar a velocidade na qual o lugar tem se tornado cada vez mais quente.

“O pessoal lá na Groenlândia está vivendo uma elevação de 4ºC a 5ºC, então, para eles, o aquecimento acontece mais rápido”, diz.

“Ainda é gelado como no passado, mas a questão é quando chega o verão, você percebe que as temperaturas sobem mais depressa e sobem mais, então isso claramente é uma equação da vida de lá”, conta.

“Isso bate em Santos, que vai inundar, em São Vicente, no Rio de Janeiro, no Recife, em Natal? É um fenômeno importante, porque 80% da população do planeta mora no litoral. O negócio é muito grave, já começou e é um processo irregressível. O que os cientistas dizem que dá para tentar ganhar tempo. A gente pode diminuir um pouquinho o nosso impacto sobre o planeta e quem sabe aí atrasar um pouquinho esse processo”.

Mudanças diárias

Paglia conta que tenta mudar atos em sua rotina para ajudar o cenário atual do planeta. “Procuro sempre me deslocar a pé quando possível, e procuro não ser tão consumista.”

O jornalista entende que não é preciso abandonar grandes conquistas tecnológicas, mas é preciso de consciência. “Não temos que deixar o conforto de lado, mas não precisamos trocar de equipamento eletrônico todos os anos, não precisamos comprar roupas novas sempre”.

Com informações da Splash / Uol