Azul completa 15 anos e anuncia expansão das operações - Foto: Azul

A Azul Linhas Aéreas completou 15 anos na sexta-feira (15). Dos primeiros voos, realizados com apenas dois aviões Embraer E-195 em 2008, até uma frota com mais de 160 aeronaves, a empresa cresceu e hoje abocanha quase um terço do mercado brasileiro

A fundação

A empresa foi criada por David Neeleman, um brasileiro radicado nos Estados Unidos. Em 2007, ele havia sido retirado da liderança da JetBlue, empresa aérea norte-americana que havia fundado em 1998.

Em janeiro de 2008, a empresa era criada sem um nome específico. Posteriormente, o nome Azul foi escolhido em um concurso (leia mais abaixo).

Entre os primeiros executivos estavam: Pedro Janot como presidente, Miguel Dau como vice-presidente técnico-operacional, Gianfranco “Panda” Beting como diretor de marketing e John Rodgerson como vice-presidente financeiro.

Hoje, Rodgerson é o CEO do grupo, que conta com as seguintes operações:

  • Azul Linhas Aéreas – Transporte de passageiros

  • Tudo Azul – Programa de fidelidade

  • Azul Viagens – Agências de viagens

  • Azul Cargo – Transporte de cargas

  • Azul TecOps – Centro de manutenção de aeronaves

Primeiros voos

Em novembro de 2008, a companhia recebeu o certificado da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizando o início de seus voos. A primeira decolagem ocorreu a partir do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

O voo inaugural teve como destino Salvador (BA). O segundo voo foi feito no mesmo dia, mas com destino a Porto Alegre (RS).

Passagens eram vendidas a partir de R$ 159 no trecho entre Campinas e Porto Alegre. Já a rota entre a cidade paulista e Salvador, o valor era de R$ 219 por trecho.

Avião Margarida nas Nuvens, da Azul, na fábrica da Airbus, em Toulouse (França) – Foto: Alexandre Saconi

No mês seguinte ao da sua estreia, a companhia já ampliava suas operações. Em janeiro de 2009, a Azul começou a operar em outras cidades, como Curitiba (PR) e Vitória (ES).

A taxa de ocupação da estreia era a mesma da média das outras empresas no mês anterior ao do início das operações. Os voos iniciais tinham 62% dos assentos ocupados, igualmente às outras empresas aéreas no país à época.

Era para dar Samba

O nome da empresa foi decidido a partir de um concurso. Foram 158 mil nomes sugeridos por 110 mil pessoas.

No final, dois nomes despontaram como os favoritos: Samba, que foi o mais votado, e Azul em segundo lugar. Rodgerson lembra que Neeleman levou a sugestão do nome Samba para Frederico Curado, então presidente da Embraer.

Curado teria dito que esse nome seria estranho. As pessoas poderiam dizer que, quando a empresa apresentasse algum problema, que ela “sambou”, ou que ia “dar em samba”.

Neeleman, que havia saído da JetBlue, acabou decidindo pelo nome Azul. Rodgerson afirma que isso tem um pouco a ver com a vontade do empresário de cutucar sua antiga empresa, JetBlue, a qual fundou e foi retirado da direção em 2007.

Antes, os votos direcionavam para que a empresa pudesse se chamar Brasil. Entretanto, as possíveis variações desse nome, como Brasil Linhas Aéreas ou Aero Brasil, já estavam registradas, obrigando a descartar essa possibilidade.

Veja outras sugestões de nome para a empresa que foram cogitadas à época:

  • Abraço

  • Alegria

  • Brasileira

  • Céu

  • Mais

  • Nossa

  • Pátria

  • Viva

Funcionário nº 1

O primeiro funcionário da empresa também abrigou as operações da companhia por três meses em sua própria casa. Gianfranco Beting, também conhecido como Panda, foi o diretor de marketing da Azul desde a fundação até sua saída, em 2012, para seguir na carreira de consultor.

Ele foi responsável por criar o nome da empresa, a imagem, as pinturas especiais, os uniformes, entre outros. Antes mesmo de mudar para uma sede, os executivos da empresa trabalhavam da sala de sua casa, momento em que a companhia ainda não tinha adquirido nenhuma aeronave até então.

Avião da Azul pintado com a bandeira do Brasil foi uma das ideia de Gianfranco ‘Panda’ Beting – Foto: Gianfranco Beting

Apesar de estar afastado, até hoje o consultor mantém admiração pela empresa que ajudou a decolar no Brasil. “A Azul só conquistou o que conquistou porque veio para humanizar o transporte aéreo. À época em que ela nasceu, o mercado brasileiro era um duopólio que dominava 92% do mercado. A empresa não veio para fazer o mesmo de sempre. Seu diferencial é o respeito às pessoas, sejam os funcionários, sejam os clientes”, diz Panda.

“A empresa mantém um círculo virtuoso positivo na sua gestão em relação às pessoas: a alta administração cuida dos tripulantes (que é a forma que a empresa chama seus funcionários). Estes, por sua vez, cuidam bem dos clientes, que sempre voltam e acabam trazendo o retorno econômico que agrada os acionistas e a alta administração” disse Gianfranco “Panda” Beting.

‘Mudamos o mapa do Brasil’

O CEO John Rodgerson diz que, entre as principais mudanças ocasionadas trazidas pela empresa, foi uma verdadeira mudança no mapa do Brasil. Isso se deve ao aumento na conectividade promovida, principalmente pela operação de novas rotas em locais até então não atendidos pela aviação regular.

“Viemos para o Brasil para crescer o bolo, para aumentar o mercado. Não entramos no Brasil para fazer o mesmo que as outras empresas. […] A gente veio para fazer algo bem diferente, operando aeronaves diferentes, voando para cidades diferentes, e, com isso, o bolo do Brasil cresceu e mudamos o mapa do país ligando mais pessoas a novos lugares”, diz Rodgerson.

Quando a empresa iniciou as operações, o país transportava 50 milhões de passageiros por avião ao ano. Até outubro de 2023, foram transportados mais de 75 milhões de pessoas por avião em todo o país, o que, segundo Rodgerson, mostra que há muito espaço para crescer ainda, e que todas as empresas cresceram no período sem perder quantidade de passageiros transportados.

“Queremos dar oportunidades para os brasileiros terem orgulho do próprio país. Muitas pessoas pensam em sair do Brasil, mas nós damos a chance para aquele que quer ficar no seu país, principalmente, estimulando o turismo. Quando a gente compra um avião e coloca ele para voar, nós estamos ajudando desde o estudante do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) até o vendedor de queijo em Porto de Galinhas (PE). O engenheiro vai ter emprego por aqui para desenvolver o avião. E, se não há o turista que vai comprar o queijo no Nordeste, como nesse caso, para quem ele vai vender o seu produto?” disse John Rodgerson, CEO da Azul.

Investimento na aviação regional.

Em 2012, a Azul e a Trip anunciaram uma fusão. Com isso, a participação no mercado doméstico da empresa saltou para 14%.

Em 2020, a empresa comprou a TwoFlex por R$ 123 milhões, criando a Azul Conecta. O objetivo era aumentar sua participação no aeroporto de Congonhas, o mais disputado do país e de onde parte a rota mais lucrativa para as empresas aéreas, a ponte aérea com destino ao Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Ao mesmo tempo, a empresa ampliava sua presença na aviação regional. Operando voos com o avião Cessna Caravan, de nove lugares, companhia conseguiu ligar cidades menores e com menos estrutura a capitais e outros centros, aumentando sua capilaridade.

Avião do Pato Donald da Azul – Foto: Divulgação

Entre os principais trechos operados pela empresa estão a ponte ligando os aeroportos de Congonhas e o de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e a Rota das Emoções, no Nordeste. Nessa última, os voos são operados em cenários turísticos, e ligam o aeroporto de Fortaleza (CE) e de São Luis (MA) a destinos como Canoa Quebrada, Jericoacoara e os Lençóis Maranhenses.

A Azul Conecta atende mais de 60 destinos no país com 27 aeronaves Cessna Grand Caravan. Essa aeronave é menor, mas consegue chegar a pistas sem preparo, como as de cascalho e as de grama.

Metade dos destinos atendidos pela Conecta possuem menos de 100 mil habitantes, segundo a empresa. Grande parte dessas localidades nunca haviam sido atendidas pela aviação comercial regular. Quando se observa que há demanda para essas localidades, pode acabar trocando o Caravan por outra aeronave maior, como é o caso e Patos de Minas e Araxá, ambas em Minas Gerais, que hoje possuem voos com aeronaves maiores.

Frota

A Azul conta hoje com 160 aeronaves, espalhadas entre os seguintes modelos:

  • Airbus A330neo

  • Airbus A330ceo

  • Airbus A321neo

  • Airbus A320neo

  • ATR-72-600

  • Boeing 737

  • Cessna Grand Caravan

  • Embraer E195

Curiosidades

  • As duas pessoas que sugeriram o nome Samba e Azul ganharam o direito de voar de graça pela empresa por toda a vida.

  • Cerca de 80% dos assentos da empresa estão em aeronaves de nova geração, que poluem menos.

  • A Azul voa para 160 destinos no Brasil, EUA, Europa e América do Sul. Cerca de 100 destes destinos são operados exclusivamente pela companhia.

  • São 16 mil funcionários, que são chamados de tripulantes pela empresa.

  • Cada aeronave é batizada com um nome único. São homenagens a pessoas célebres, como “Ada Rogato Pioneira Azul”, “Cmte. Omar Fontana” e “Santos=Dumont”, ou outras situações, como o “Vitoriosas da Azul”, pintura alusiva ao Outubro Rosa.

  • Cerca de 400 funcionários que estavam na fundação da companhia trabalham para ela até hoje.

  • A azul terá cinco aviões que homenageiam a Disney. Hoje, a frota já conta com aeronaves temáticas com pinturas alusivas ao Mickey Mouse, Pato Donald, Minnie e Margarida e, em breve, chegará o avião com pintura do Pateta.

  • Entre as comidas servidas a bordo, as balinhas de goma em formato de avião são um dos itens mais pedidos entre os passageiros.

  • Fora do Brasil, a empresa voa para Paris (França), Lisboa (Portugal), Curaçao, Orlando (EUA), Fort Lauderdale-Miami (EUA), Montevidéu (Uruguai) e Punta del Este (Uruguai).

  • Foi eleita a melhor companhia aérea do mundo pelo Tripadvisor Travelers’ Choice Award 2020.

  • Foi considerada a aérea mais pontual do mundo em 2022 pela consultoria Cirium.

  • O centro operacional da empresa é comandado por uma mulher, Bianca Penelas.

*Com informações de Uol