A maioria dos crimes cometidos por arma de fogo, em 2025, foi no Recife (PE) - Foto: Unsplash

De janeiro até setembro de 2025, o Brasil contabilizou 1075 casos de feminicídio, conforme levantamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Somente no primeiro semestre deste ano, o país registrou 718 ocorrências, segundo dados do Mapa Nacional da Violência, levantados pelo Observatório da Mulher Contra a Violência, do Senado Federal.

De acordo com informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), entre janeiro e outubro de 2025, o estado calculou 207 feminicídios.

No mesmo período, em 2024, foram 191. Na capital paulista, o cenário é alarmante, com 53 casos. Esse número representa o maior índice anual desde 2018.

Crime com arma de fogo

Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, em 57 municípios brasileiros, indicou que, ao menos, 29 mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio praticado com arma de fogo até os primeiros 15 dias de agosto de 2025.

A maioria das ocorrências está concentrada na Região Metropolitana do Recife (PE), sendo responsável por mais de 30% dos casos.

Casos recentes em 2025

26 de julho: Juliana Garcia dos Santos Soares – Natal (RN)

Juliana Garcia, de 35 anos, foi agredida com mais de 60 socos pelo ex-namorado Igor Eduardo Pereira Cabral, no elevador do condomínio onde morava, em Ponta Negra, na Zona Sul de Natal (RN), durante uma briga. Na ocasião, o porteiro flagrou a violência através da câmeras e acionou a polícia. Juliana sofreu fraturas faciais graves.

29 de novembro: Isabele Gomes de Macedo – Recife (PE)

Isabele Gomes de Macedo, de 40 anos, e seus quatro filhos, entre 1 e 7 anos, foram carbonizados pelo companheiro Aguinaldo José Alves, na Zona Oeste do Recife (PE). Aguinaldo teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após passar por audiência de custódia.

29 de novembro: Tainara Santos – São Paulo (SP)

Tainara Santos, 31 anos, foi atropelada e arrastada por cerca de 1km pelo ex-namorado Douglas Silva, na zona norte da capital paulista. Tainara teve as duas pernas amputadas. O autor do crime foi preso um dia após o ocorrido. O delegado responsável pelo caso, a motivação da tentativa de feminicídio foi porque o autor não aceitava o fim do relacionamento.

1 de dezembro: Evelin de Souza Saraiva – São Paulo (SP)

Evelin de Souza Saraiva, de 38 anos, levou cinco tiros do ex-companheiro Bruno Lopes Fernandes Barreto, enquanto trabalhava em uma barraca de pastel. Ela foi socorrida em estado grave. Bruno foi preso em flagrante.

5 de dezembro: Maria de Lourdes Freire Matos – Brasília (DF)

Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, Cabo do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, foi encontrada morta após incêndio em unidade do Exército em Brasília (DF), na última sexta-feira (5).

Conforme a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), um homem, de 21 anos, seria o autor do feminicídio. Nas investigações, ele teria confessado o crime. Ainda segundo a PCDF, o suspeito teria matado a militar e, em seguida, colocado fogo no local. Ele foi detido em flagrante.

2024 bateu recorde de feminicídio

Em 2024, o Brasil contabilizou 1.492 casos de feminicídio, consoante dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O quantitativo representa um recorde desde a tipificação do crime, em 2015, e apontou uma média de quatro mortes por dia.

O perfil das vítimas desse crime, no ano passado, foi, majoritariamente, por mulheres negras (63,6%), e entre 18 e 44 anos (70,5%). A maior parte dos casos ocorreu na casa da vítima (64,3%), sendo a arma branca o principal meio utilizado (48,4%).

Além disso, segundo o levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os principais autores do feminicídio são os companheiros (60,7%) e ex-companheiros (19,1%).

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O que é feminicídio

Feminicídio é o homicídio qualificado contra a mulher por razões de sua condição. Geralmente, o crime motivado por violência doméstica, familiar ou discriminação de gênero, ou seja, misioginia.

A tipificação foi incluída mediante a Lei nº 13.104/2015, conhecida como Lei do Feminicídio, que alterou o Código Penal. Essa lei foi sancionada em 9 de março de 2015, após tramitação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher. A pena prevista é entre 12 a 30 anos de prisão.

Canais oficiais de denúncia

  • Central de Atendimento à Mulher: 180;

  • WhatsApp do Ligue 180 – (61) 99610-0180;

  • Disque Denúncia 181;

  • Polícia Militar: 190

  • Zap Delas (Senado Federal): (61) 98309-0025

  • Ouvidoria da Mulher (CNMP): Canal do Conselho Nacional do Ministério Público;

  • Delegacias da Mulher

*Com informações de IG