A alta de 2,83% no diesel e de 11,36% nas passagens aéreas puxou a prévia da inflação dos transportes (0,84%) em junho. No acumulado de 12 meses, o combustível subiu 51,04%, e os bilhetes mais que dobraram de preço (123,26%).
Os dados fazem parte do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15), divulgados nesta sexta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A gasolina (-0,27%) e o etanol (-4,41) caíram no mês, mas também registraram forte alta em 12 meses, de 27,36% (gasolina) e 21,21% (etanol).
Na semana passada, a Petrobras aumentou novamente os preços da gasolina (5,18%) e do diesel (14,26%) nas refinarias. O anúncio repercutiu negativamente em Brasília, desagradando em especial o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem atacado publicamente a empresa. A União é o maior acionista da Petrobras.
Com os ataques, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, indicado pelo próprio Bolsonaro, renunciou ao cargo. A petrolífera tem um presidente interino até que a empresa aprove o novo nome indicado pelo governo, Caio Paes de Andrade.
O IPCA-15 de junho calculou a inflação dos produtos e serviços entre 14 de maio e 13 de junho, ou seja, o novo reajuste não foi levado em consideração.
Passagem aérea sobe 123%
Em 12 meses, os custos com transporte subiram 20,21% no acumulado dos últimos 12 meses, com destaque também para a subida no preço das passagens aéreas, de 123,26%.
Os custos das aéreas são fortemente afetados por aumentos no combustível de aviação e pela valorização do dólar.
Bolsonaro vetou recentemente o retorno do despacho gratuito de bagagem de até 23 kg em voos nacionais e de até 30 kg em voos internacionais. O veto presidencial ainda deve ser analisado pelo Congresso.
Autorizada pelo Congresso em 2016, a cobrança foi instituída com a promessa de que as passagens ficariam mais baratas ao consumidor.
Ainda nos transportes, os gastos com aplicativo, que incluem Uber e 99, registram alta de 64,03% em 12 meses.
Prévia geral da inflação acelerou para 0,69% em junho
Em junho, o IPCA-15 acelerou para 0,69%, após registrar 0,59% em maio. Em 12 meses, chega a 12,04%.
O índice está muito acima da meta do BC (Banco Central) para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos —ou seja, variando entre 2% e 5%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,65%.
Como é calculado o IPCA-15?
O período de coleta de preços, que acontece em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio), vai do dia 14 de maio a 13 de junho.
São considerados nove grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo, são consideradas as variações de preços de 465 subitens.
*Com UOL