O quinto lugar do conjunto Stephan Barcha/Primavera Império Egípcio em Paris não é só o melhor resultado de um cavaleiro brasileiro em 20 anos. É também o melhor de um cavalo (no caso, égua) da raça Brasileiro Hipismo na história em provas individuais olímpica. Nunca antes a criação nacional havia chegado tão longe.
A imagem deixada pelo hipismo brasileiro para além da bolha, porém, é negativa. O Brasil foi eliminado por equipes depois que uma inspeção mostrou que a barriga do cavalo de Pedro Veniss estava lesionada, com sangue aparecendo no contato com a luva de um veterinário.
“A regra é a regra, a gente tem que cumprir”, reconheceu Rodrigo Pessoa. “Eu não digo que a regra é justa, mas é a mesma coisa para todo mundo. Infelizmente falhamos nesse ponto, não cumprimos a regra, e isso tirou a nossa chance de participar por equipe”, lamentou.
Stephan havia passado por episódio idêntico na Rio-2016, quando causou a elimianação da equipe brasileira ao ser declassificado pela mesma razão. “O processo de reconstrução foi basicamente me manter focado no que eu faço todo dia, que é treinar e cuidar dos meus cavalos. Eu tive que esquecer, deletar, e hoje eu estou aqui de volta”, disse ele, que volta aos Jogos Olímpicos após oito anos.
Em Paris, saiu em defesa de Pedro Veniss. “É uma fatalidade o que aconteceu. O cavalo, para estar aqui, diferente do que as pessoas pensam, ele tem que realmente gostar do que ele faz. A Primavera gosta de estar ali, ela gosta da competição. O cavalo não vai obrigado para dentro da pista, você leva ele para dentro da pista. Eu conheço o Pedro há mais de 20 anos. Eu falo para onde for, para o lugar que for, o quanto ele zela, ele cuida do cavalo dele.”
Stephan também tem uma relação próxima com sua montaria, Primavera, uma BH de 10 anos (11 para os registros, que consideram o ano, não a data de nascimento) que ele trouxe ao alto rendimento.
Diferente de praticamente toda a elite do hipismo brasileiro, Stephan não mora nem nos EUA (como Rodrigo Pessoa, por exemplo), nem na Europa (como Yuri Mansur, Pedro Veniss, Marlon Zanotelli, etc). Sua base é no Brasil. Nasceu no Rio, mora em Brasília e tem um estábulo em Bragança Paulista (SP)
Ele e Primavera ficaram no país até meados do ano passado, dentro de um projeto da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), que pagou para levá-la à Europa em 2023. Só então ela começou a rodar os principais GP’s do mundo, de nivel muito mais alto do que os existentes no Brasil.
