O ativista Thiago Ávila fala na chegada dos integrantes da delegação brasileira da Flotilha Global Sumud ao aeroporto internacional de Guarulhos - Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
A COP no Brasil enfrenta os mesmos problemas estruturais que afetam todo o sistema. É o que pontua o ativista humanitário Thiago Ávila, que participou da Marcha Global pelo Clima, que movimentou cerca de 70 mil pessoas pelas ruas de Belém neste sábado, 15. Para ele, as lutas estão todas interligadas — e o ecocídio que macula o Brasil tem a mesma raiz do genocídio de Gaza.
Ele conta que não está otimista com as negociações que acontecem na Conferência a portas fechadas, onde, segundo diz, prevalecem os “interesses de pessoas e grupos econômicos que têm muito poder, mas que trazem os interesses do petróleo e gás, da mega mineração e do agronegócio destruidor”.
Já de outro lado, do lado de fora do ambiente credenciado, ele vê pessoas lutando para construir um futuro livre da exploração, livre da destruição da natureza. “Pessoas que entendem a realidade daqui, de Belém, da Amazônia como um todo… Os povos do Cerrado, da Caatinga, da Mata Atlântica, do Pampa, do Pantanal, de todos os biomas, eles devem estar unidos para deter o ecocídio, mas também para deter outro fruto desse sistema, que são os genocídios, como os na Palestina, no Sudão, no Congo. Tudo isso está interligado”, explica o ativista. Em muitos casos, a disputa por recursos naturais intensifica e até sustenta conflitos. Na República Democrática do Congo, por exemplo, confrontos armados são alimentados pela disputa de minerais estratégicos essenciais para a indústria tecnológica (como cobalto, o coltã e o estanho).
O trabalho de Thiago, que é coordenador internacional da Coalizão da Flotilha da Liberdade de Gaza, não é de agora. Mas ganhou destaque nos últimos meses por causa da missão com a embarcaçãoa Madleen, que tentou levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada por Israel. A ativista climática Greta Thunberg também estava a bordo.
“O sistema que promove tudo isso é o mesmo. O punhadinho de gente no topo de uma pirâmide social que se beneficia disso, infelizmente, são os mesmos também. E por isso nós estamos aqui para dizer que nós não vamos aceitar a destruição do mundo. Nós vamos lutar nas cidades, no campo, nas florestas, para conscientizar as pessoas, para mobilizar elas, para transformar essa sociedade”, acredita.
O caminho possível, como diz, está na força da união de povos. Para ele, essa é a tarefa histórica da geração, e requer muita coragem. “A COP tem muitos limites, mas nós estamos aqui para dizer que o limite que nós não vamos aceitar é de conciliar com a destruição”.
Mais sobre a Marcha
A Marcha Global pelo Clima é organizada pela Cúpula dos Povos e reúne diversas frentes de organizações da sociedade civil. A expectativa era de que o ato reunisse cerca de 30 mil pessoas, mas o número chegou a 70 mil, segundo a última atualização da organização.
O ato saiu do Mercado de São Brás, região central da capital paraense, e seguiu até a Aldeia Cabana, complexo cultural localizado no bairro Pedreira, após três horas de caminhada debaixo do sol de Belém com um publico fiel.
A marcha teve como foco a luta contra o racismo ambiental e as desigualdades, em torno da crise climática. Por mais que não faça parte da agenda oficial da ONU para a COP30, o primeiro sábado da Conferência é tradicionalmente conhecido por ser um dia voltado a manifestações organizadas por movimentos sociais, ONGs e organizações da sociedade civil.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e e a ministra dos Povos Indígenas,Sonia Guajajara, marcaram presença e falaram no inicio do ato. Marina frisou a importância desse momento na COP realizada no Brasil, um país democrático, após uma serie de conferências em Estados que não eram. Já Guajajara, após a semana marcada por tentativas de invasão à área restrita da COP30 e bloqueio da entrada do local pelo povo Mundukuru em busca de reivindicações, o ato coletivo transformou as ruas em Zona Azul neste momento.
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