O dólar comercial fechou a segunda-feira (5) negociado a R$ 5,74, o maior patamar desde março de 2021. A recente valorização da moeda norte-americana afeta diretamente o bolso do brasileiro já no curto prazo. Para os viajantes, a cotação de venda do dólar turismo flerta com os R$ 6.
Dólar acumula valorização de 18,3% ante o real neste ano. O valor comercial da moeda norte-americana saltou de R$ 4,852 para R$ 5,741 desde o último pregão de 2023. A alta é equivalente a mais de R$ 0,89 (oitenta e nove centavos).
Somente na última semana, a cotação do dólar avançou 2%. O salto recente, que levou a dívida norte-americana ao maior nível de fechamento desde março de 2021′, é reflexo de movimentos globais. A alta mais recente surge em linha com temores de recessão nos Estados Unidos após dados revelarem o enfraquecimento do mercado de trabalho no país.
As incertezas fiscais também contribuem para a valorização. O avanço do dólar nos últimos meses contou com a possibilidade de descumprimento das regras do arcabouço fiscal, que prevê zerar o déficit das contas públicas neste ano. Também pesa contra o real as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Quando a gente tem uma pressão como a atual, é porque os agentes econômicos percebem que há um potencial retorno melhor em dólar. Isso depende das taxas de juros americanas, em relação às brasileiras, e sobre como o Brasil vai lidar com o resultado fiscal e se vai conseguir estabilizar a nossa dívida ou não.” afirmou Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ
Impacto para o brasileiro
Impacto pode ser sentido no curto e longo prazo. Os preços de produtos importados são os primeiros a serem afetados, mas a desvalorização do real pressiona a inflação geral da economia brasileira em efeito cascata.
Produtos importados ficam mais caros. Isso acontece porque as importações são negociadas em dólar, e os efeitos já podem ser sentidos em menos de um mês. O pão e o macarrão encarecem, já que o trigo, da farinha, é importado do exterior.
Existem alguns bens que não são possíveis de serem substituídos, como fertilizantes que o Brasil importa em larga escala. Eles ficam mais caros e isso pode contribuir em uma possível inflação de alimento.
Valorização atinge também preço da gasolina. Sem capacidade de refino suficiente para atender a demanda interna por combustíveis, o Brasil precisa importar quase toda a gasolina consumida em território nacional. Com a alta do dólar, há impacto no bolso dos motoristas.
Viagens ao exterior exigem desembolsos maiores. Com a necessidade de arcar com mais reais para comprar um dólar, o orçamento inicial para a realização do roteiro dos sonhos pode ser comprometido.
Impacto para a economia
Oferta interna de bens recua. Com o real desvalorizado, produtores optam por exportar suas produções para lucrarem em dólar, que vale mais. O mesmo acontece com os investimentos. “A dinâmica de ajuste vai demorar de seis meses a um ano, se a gente continuar tendo essa desvalorização e se esse movimento não for corrigido”, prevê Ferrari.
“Eventualmente a gente tem uma desvalorização, uma depreciação agora, e com o passar do tempo, a depreciação às vezes a curto prazo é mais exagerada do que ela vai ser a médio e a longo prazo.” afirmou Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ
Margem de lucro das empresas diminui. Com preços mais caros, o custo de produção também é elevado, reduzindo as margens de lucro. Isso pode levar ao aumento do preço final para os consumidores. Além disso, com alta nos preços, a indústria também corre o risco de ter que lidar com a formação de estoques indesejados de produtos por conta da falta de demanda.
Inflação é pressionada para cima no primeiro momento. “É possível que a gente tenha efeito na inflação menor do que se a gente estivesse em um cenário de descontrole inflacionário. Nesse caso, além do choque dos insumos importados ficarem mais caros, a gente teria movimentos de expectativa, no qual todo mundo reajusta o preço para cima diante das percepções de que eles vão subir”, afirma Ferrari.
Taxas de juros também podem ser afetadas. Como uma das missões do Banco Central é manter a inflação no centro da meta, o aumento do dólar pode resultar em uma política de juros mais restritiva. Os juros maiores inibem o consumo e, consequentemente, desestimulam o crescimento na tentativa de conter o avanço dos preços.
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