O diretor da Penitenciária de Formiga I, em Minas Gerais, foi afastado do cargo após a repercussão de uma foto que mostra dezenas de presos nus sentados no pátio do presídio. As imagens mostram o diretor Ronaldo Antônio Gomides e agentes penitenciários escoltando os detentos.
Segundo o UOL, as fotos vieram à tona a partir de uma denúncia feita pelo Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade, o GAFPPL. A presidente do grupo, Maria Tereza dos Santos, disse que os internos ficaram naquela posição por cerca de oito horas, entre 7h e 15 do dia 22 de outubro deste ano.
Uma reportagem da Folha de S. Paulo explicou que se tratava de uma abordagem do Grupamento de Intervenção Rápida (GIR) da Polícia Penal, em resposta à uma reivindicação dos detentos. Eles protestavam por melhorias na qualidade dos alimentos oferecidos, por mais disponibilidade de água e pelo retorno do sistema de visitas nos moldes pré-pandemia.
Com isso, Maria Tereza contou ao jornal que o grupo de intervenção reagiu à reivindicação, ordenando que os detentos saíssem de suas celas e caminhassem nus em direção ao pátio “frio e sujo”. “Os que reclamaram ainda foram algemados e apanharam”, acrescentou.
À publicação, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou os fatos relatados, mas disse que a retirada dos presos e dos pertences das celas ocorreu “após movimento de subversão da ordem”. A pasta afirma que os agentes foram acionados depois que os detentos queimaram pedaços de colchões. A partir daí, o diretor-regional de Polícia Penal da 7ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) assumiu a direção da unidade interinamente.
A Sejusp disse ainda que não compactua com desvios de conduta de seus servidores, a exemplo das filmagens feitas por agentes. Quanto a isso, a secretaria anunciou a instauração de um procedimento interno para apurar a realização das imagens e sua veiculação.
Diante da repercussão da reportagem, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) também se pronunciou. O órgão informou que o promotor Ângelo Ansaniello instaurou um procedimento para investigar o caso.