Ibirânia parva, primeiro dinossauro anão do continente americano (Imagem: Hugo Cafasso e Matheus Fernandes Gadelha)

Descobertas feitas nas regiões de São José do Rio Preto, Marília e São Carlos colocaram o interior de São Paulo no cenário internacional da paleontologia.

Fósseis e evidências foram encontrados por pesquisadores amadores e profissionais. Entre as espécies inéditas de dinossauros há gigantes que chegavam a 20 metros de comprimento —o equivalente a cinco carros enfileirados— e que pesavam mais de uma tonelada.

Tem até dinossauro anão. Na relação já encontradas na região estão espécies que chegavam a cinco metros de comprimento, crocodilos pré-históricos e figuras pitorescas como um inédito dinossauro anão.

Região era muito diferente há milhões de anos. Todas as espécies, segundo estudos, viviam em um cenário formado por samambaias e gimnospermas (plantas sem fruto que servia de alimento aos dinossauros) e pequenas correntezas de água, com grande concentração de cágados, peixes e sapos.

Animais pré-históricos

As descobertas começaram no século passado. O paleontólogo Fabiano Vidoi Iori, responsável pelo Museu de Paleontologia de Uchoa, conta que os primeiros achados científicos de dinossauros no interior de São Paulo ocorreram na segunda metade do século 20.

Ajuda de voluntários. Foi a partir de estudos de professores entusiastas da paleontologia em parceria com moradores que encontravam por acaso os fósseis e guardavam, sem saber o que era, que as buscas por dinossauros foram iniciadas nas áreas rurais.

“Um dos grandes percussores na região de São José do Rio Preto foi o torneiro mecânico Pedro Candolo que coletava fósseis na zona rural de Uchôa e mantinha na sua oficina. Os achados dele despertaram a atenção de outros pesquisadores que passaram a pesquisar a região”, explica Fabiano Vidoi Iori.

Todo ano uma nova descoberta

Outra característica do interior de São Paulo quando o assunto é paleontologia é a sua grande variedade de espécies. Não é à toa que todos os anos ao menos uma nova descoberta é feita na região.

O mais recente foi identificado por um grupo de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da USP (Universidade de São Paulo), sob liderança do pesquisador Felipe Montefeltro, do Departamento de Biologia e Zootecnia da Unesp de Ilha Solteira (SP).

Entre 2011 e 2012, junto com outros quatro pesquisadores, ele passou a estudar fósseis encontrados próximos a uma rodovia municipal de Jales (SP). Após dez anos de análise do material, o grupo confirmou a suspeita: o material era mesmo de um animal pré-histórico ainda não identificado.

“Pelo que descobrimos é mais uma espécie de crocodyliforme Baurusuchidae, que viveu no interior de São Paulo há 90 milhões de anos. Agora tentamos descobrir o porquê ser tão fácil encontrar crocodyliformes da família Baurusuchidae na região de Jales”, revela o pesquisador.

Intitulado Aphaurosuchus kaiju, em homenagem ao personagem do cinema japonês Godzilla, o novo crocodilo pré-histórico era um predador que se alimentava de outros animais menores que ele.

Segundo Montefeltro, o primeiro nome Aphaurosuchus foi devido as semelhanças com outra espécie, a Aphaurosuchus escharafacies, que foi catalogada em 2021. Enquanto kaiju é uma palavra de origem japonesa, cujo significado é “besta estranha” que se tornou conhecida por conta do personagem Godzilla. “Foi uma forma de homenagear o personagem”, ressaltou o pesquisador.

Fauna pré-histórica

No mapa da paleontologia paulista, cada microrregião tem a sua característica:

São Carlos e Araraquara: pesquisas se concentram em identificar pegadas de dinossauros;
Ibirá e Uchoa: estudos são focados em coletar fósseis preservados de dinossauros;
Presidente Prudente e Araçatuba: esforço é em busca de fósseis de aves pré-históricas;
General Salgado e Jales: região rica no encontro de fósseis de crocodyliformes –répteis que viviam em meio aos dinossauros.

Marcelo Adorna Fernandes, paleontólogo e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) explica que as formações geológicas ocorridas durante o período Cretáceo —compreendido entre 145 e 65 milhões de anos—- ajudam a explicar a diversidade da paleofauna regional.

“No início do período Cretáceo, há 135 milhões de anos, boa parte do interior de São Paulo era deserto. Mas posterior ao derrame magmático, há 85 milhões de anos, regiões como de Monte Alto e São José do Rio Preto se transformaram em pântanos, o que acabou atraindo animais”, afirma.

“Por isso, por exemplo, que região de São Carlos, que só era deserto, encontramos somente pegadas; enquanto na região de São José do Rio Preto, Monte Alto e General Salgado, é possível localizar fósseis” continua o paleontólogo.

Roteiro dos dinos

Como forma de lhe ajudar a conhecer parte dessas descobertas, o UOL preparou um guia dos principais museus no interior de São Paulo, onde é possível encontrar parte dos fósseis e réplicas desses animais:

Museu de Paleontologia Pedro Candolo, em Uchoa (SP)
Endereço: praça Farmacêutico Bruno Garisto, na antiga Estação Ferroviária de Uchoa (SP)
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 8h às 16h
Telefone: (17) 3101-1174

Museu de Paleontologia Professor Antonio Celso de Arruda Campos, em Monte Alto (SP)
Endereço: avenida 15 de Maio, na Praça do Centenário, em Monte Alto (SP)
Horário de visitação: terça-feira a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30. Aos sábados e domingos, das 13h às 16h30
Telefone: (16) 3244-4067

Museu de Paleontologia de Marília (SP)
Endereço: avenida Sampaio Vidal, 245, no Centro de Marília (SP)
Horário de visitação: terça a sexta-feira, das 9h às 17h. Aos sábados, das 13h às 18h
Telefone: (14) 3413-6238

Museu da Ciência Professor Mário Tolentino, em São Carlos (UFSCar)
Endereço: Praça Coronel Salles, no Centro de São Carlos (SP)
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Telefone: (16) 3307-6903

Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara
Endereço: rua Voluntários da Pátria, 1485, no Centro de Araraquara (SP)
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Telefone: (16) 3332-4933

Com informações do Uol