Diabo negro peixe abissal

Com poucos registros reais e muito presente no imaginário dos amantes da natureza, o peixe conhecido como “diabo negro” foi avistado nadando perto da superfície na Espanha.

Habitante das profundezas do oceano, o “diabo negro” foi visto a apenas 2 quilômetros da costa e morreu pouco após ter sido filmado.

O misterioso peixe foi flagrado no arquipélago espanhol das Ilhas Canárias. Um espécime de Melanocetus johnsonii mobilizou os especialistas ao ser filmado enquanto se movia na vertical, em direção à superfície, por fotógrafos e biólogos que trabalham na região de Tenerife.

O contato com o animal é raro até mesmo para os especialistas. Segundo a ONG Condrik Tenerife, dedicada à pesquisa, conservação e divulgação de tubarões e raias na região e responsável pelo flagra, este pode ter sido o primeiro registro no mundo de um diabo negro adulto “em plena luz do dia e na superfície”. De acordo com os biólogos, os registros existentes até o momento correspondiam a larvas, espécimes adultos mortos ou vivos registrados com submarinos.

Um dos principais pontos de curiosidade e debate é a razão pela qual o peixe estava em águas tão rasas. Conforme a ONG, a presença do peixe próximo à superfície tem motivos incertos. gravemente doente; tenha sido levado à superfície por uma corrente ascendente ou, ainda, estivesse fugindo de um predador. Segundo o jornal espanhol Tenerife Weekly, a hipótese mais provável indica que o peixe estaria ferido e em “mau estado”, tendo morrido poucas horas depois do avistamento.

Ainda segundo o Tenerife Weekly, o animal foi capturado pelos especialistas após a equipe confirmar sua morte. O espécime foi recolhido e posteriormente transferido para o Museu de Natureza e Arqueologia (MUNA), de Santa Cruz de Tenerife.

A aparição do “diabo negro” viralizou nas redes sociais. O vídeo tem mais de 92,5 milhões de visualizações somente no TikTok, e a maior parte dos usuários se mostra impressionada com o avistamento do animal. “Um peixe lendário que poucas pessoas terão o privilégio de observar vivo”, relata um dos fotógrafos envolvidos no projeto.

Animações, memes e até mesmo homenagens foram feitas ao animal após o compartilhamento do vídeo. “Estamos tão necessitados de fé e motivação neste mundo que nos identificamos com um peixe enfermo —que só por pura casualidade foi capturado em vídeo antes de sua morte – um símbolo de esperança e alienação”, diz um usuário do X. “O peixe abissal [que vive em águas profundas] subindo à superfície cheia de luz para morrer depois de viver na escuridão das profundezas é talvez a imagem mais poética que poderia ocorrer à natureza”, relata outro perfil na rede.

O peculiar peixe ‘diabo negro’

O animal é um “verdadeiro predador das profundezas”, segundo a ONG. O “diabo negro” vive entre 200 e 2.000 m de profundidade e é amplamente distribuído, presente nos mares tropicais e subtropicais de todo o mundo. Ainda de acordo com os especialistas da Condrik Tenerife, o gênero “Melanocetus”, do qual o animal faz parte, significa literalmente “monstro marinho negro”.

O macho da espécie precisa da fêmea para sobreviver. Segundo os especialistas do Projeto Bióicos, enquanto as fêmeas podem atingir até 20 centímetros, os machos não ultrapassam os 3. “O sistema digestivo do macho se degenera com seu amadurecimento e ele precisa “parasitar” uma fêmea a partir daí, ou morrerá de fome. Quando o macho morde a pele da fêmea, acontece uma reação química que conecta o sistema circulatório dos dois e os transformam em um só’. Isso garante que o macho tenha nutrição e, à fêmea, que ela tenha um macho sempre à disposição para a fecundação”, explica o portal do projeto.

Em uma das poucas aparições, um espécime de “diabo negro” foi visto nos Estados Unidos em 2014. Na ocasião, o peixe de aproximadamente nove centímetros foi filmado a uma profundidade de 600 metros no cânion submarino de Monterrey, na Califórnia.

O animal participou da animação “Procurando Nemo”, de 2003. No desenho, o espécime utiliza as “bactérias bioluminescentes simbióticas presentes no dorso como isca para atrair suas presas”, segundo os especialistas envolvidos no avistamento recente. Segundo o projeto Bióicos, a luz é uma “estratégia perfeita” para um morador da zona afótica —onde a luz solar não alcança. “Uma vez que suas presas são atraídas pela luz, mesmo que escapem das mandíbulas do peixe, são afetadas por uma neurotoxina diluída que [o peixe] libera pela pele ou, no caso de um bote bem-sucedido, [o peixe] injeta com os dentes”.

*Com informações de Uol