O podcast aponta caminhos para tentar reverter a situação e minimizar as consequências da devastação da floresta

Os dados alarmantes de desmatamento na Amazônia, principalmente em municípios do sul do Amazonas, são destaque do podcast Momento Observatório BR-319. O conteúdo também aponta caminhos para tentar reverter a situação e minimizar as consequências da devastação da floresta.

O Relatório Anual de Desmatamento do MapBiomas aponta que, em 2021, o ritmo de devastação na Amazônia foi de aproximadamente dois hectares por minuto, ou seja, a cada segundo 18 árvores foram derrubadas na Amazônia. Além disso, o Observatório BR-319 vem acompanhando a situação e promovendo alertas sobre o assunto, principalmente nos 13 municípios monitorados pela rede.

A pesquisadora Paula Guarido, do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (Idesam), que é responsável pela análise dos dados de monitoramento na área de influência da BR-319, informa que, infelizmente, o Amazonas está ganhando destaque no ranking da devastação por conta da perda florestal, que segue em ritmo acelerado. No ano passado, foi o segundo estado com maior área desmatada no Brasil, ficando atrás apenas do Pará.

“Esse desmatamento no Amazonas é liderado por municípios do sul do estado na região que fica próxima ao Arco do Desmatamento e que também tem encontrado na BR-319 uma possibilidade de expansão para outros municípios. Os municípios de Lábrea e Humaitá, que ficam ao sul do estado e estão sob influência dessa rodovia, despontam na lista dos 10 municípios que responderam por 23% do total desmatado no Brasil. Os dados estão no relatório do MapBiomas”, disse Paula.

Neste ano, no mês de junho, municípios da área de influência da BR-319 continuam no topo da lista dos que registraram mais desmatamento na Amazônia Legal. Além disso, em relação às áreas protegidas e terras indígenas, os territórios Karipuna, Sepoti e Tenharim Marmelos – Gleba B, também estão entre os mais desmatados. Os dados estão disponíveis no site observatoriobr319.org.br.

A situação gera pressões de diversas formas, mas a pior delas leva à expulsão de populações indígenas e tradicionais dos seus territórios, por causa da perda de recursos naturais da floresta. O secretário geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Dione Torquato, avalia que os dados alarmantes de desmatamento afetam diretamente a biodiversidade e traz como consequência o êxodo dos povos da floresta para centros urbanos. “É importante garantir condições para que essas populações vivam com dignidade em seus territórios de origem”, alerta Torquato.

Já a pesquisadora Tayane Carvalho, que contribui para o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), afirma que o fato mais grave é que, embora ainda exista a possibilidade de mudança, já existe um prejuízo estabelecido na floresta amazônica. “A resposta mais urgente e também mais eficiente hoje é investir na reestruturação da rede de monitoramento, comando e controle para que aconteça o fortalecimento da fiscalização pelos estados. É importante também que haja transparência de informações e dados públicos, e que se restabeleça o bom relacionamento entre o poder público, as organizações da sociedade civil e os envolvidos nas ações de monitoramento da Amazônia”, disse a pesquisadora.

Enquanto a devastação da floresta amazônica avança em ritmo acelerado, os governos do Amazonas e federal seguem tomando as mesmas medidas que têm sido adotadas nos últimos anos, como decretos de situação de emergência e o emprego da Força Nacional de Segurança Pública no combate às queimadas em municípios do Sul do Estado.

O episódio completo do podcast “Momento BR-319” está disponível no site www.observatoriobr319.org.br, no canal do Observatório BR-319 no Youtube e em todas as plataformas de distribuição de áudio.

Sobre o OBR-319

O Observatório BR-319 é formado pelas organizações Casa do Rio, CNS (Conselho Nacional das Populações Agroextrativistas), Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), FAS (Fundação Amazônia Sustentável), FVA (Fundação Vitória Amazônica), Greenpeace Brasil, IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil), Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), Opan (Operação Amazônia Nativa), Transparência Internacional Brasil, WCS Brasil e WWF-Brasil.

Com informações da assessoria