Foto: Reuters

O descarrilamento de um trem de passageiros no leste da Índia deixou ao menos 233 mortos e 900 feridos nesta sexta-feira (2) —números que aumentam a cada novo anúncio das autoridades locais e fazem do acidente o quarto pior desastre de trem de que se tem registro no país.

O mais grave dos últimos dez anos havia ocorrido em 2016, quando um acidente em Pukhrayan, próximo à cidade de Kanpur, no norte da Índia, matou 150 pessoas e feriu outras 150.

O acidente desta sexta aconteceu em Balasore, no estado indiano de Odisha. Após descarrilarem, os vagões do Superfast Express invadiram outro trilho, onde foram atingidos pelo Coromandel Express, que ia em alta velocidade na direção oposta.

Um trem de mercadorias, que estava estacionado no local, também foi atingido. O impacto da colisão descarrilou 12 vagões do Coromandel Express e arremessou 50 passageiros pelas janelas. Algumas partes do trem ficaram completamente destruídas; outras foram vistas com pedaços de metal retorcidos e manchas de sangue.

No Twitter, o primeiro-ministro Narendra Modi afirmou que “toda a assistência possível” está sendo fornecida aos feridos. A presidente indiana, Draupadi Murmu, disse estar “profundamente angustiada” com o que aconteceu. “Meu coração está com as famílias enlutadas. Oro pelo sucesso das operações de resgate e pela rápida recuperação dos feridos”, afirmou.

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Segundo o diretor geral dos bombeiros de Odisha, Sudhanshu Sarangi, a cifra de mortes continua subindo porque muitas das vítimas contabilizadas como feridas tiveram ferimentos graves e lesões na cabeça, que acabam provocando o óbito.

Profissionais com cães farejadores procuram sobreviventes que estão sob os destroços do trem. Quando a equipe de resgate chegou, moradores locais já ajudavam alguns feridos a saírem dos destroços.

A operação, que conta com ao menos 200 ambulâncias, avançou pela madrugada no horário local. “Nossa prioridade é auxiliar as vítimas e curar os feridos”, disse o ministro-chefe da região de Odisha, Naveen Patnaik, que deve visitar o local neste sábado (3). Enquanto as equipes de resgate trabalhavam, dezenas de corpos jaziam junto aos trilhos, cobertos por lençóis brancos.

Cerca de 900 pessoas foram hospitalizadas, transferidas tanto de ambulância quanto de carro para qualquer hospital que tivesse vagas. “Preparamos todos os grandes hospitais públicos e privados desde o local do acidente até a capital do estado para tratar os feridos”, disse a porta-voz das autoridades de Odisha.

No hospital distrital de Bhadrak, ambulâncias transportavam sobreviventes ensanguentados e em choque, que eram atendidos em enfermarias lotadas. Em Soro, centenas de jovens fizeram fila do lado de fora do hospital para doar sangue.

O ministro de Ferrovias, Ashwini Vaishnaw, anunciou nas redes sociais que estava a caminho do local do acidente e que até a Força Aérea havia sido convocada. Antes mesmo de compartilhar informações sobre o que ocorreu, ele havia listado uma série de indenizações às vítimas.

Às famílias dos mortos, afirmou, seria dado 1 milhão de rúpias (R$ 60 mil, aproximadamente). Aos feridos de maneira grave, 200 mil rúpias (R$ 12 mil). E, aos feridos de forma leve, 50 mil rúpias (R$ 3.000).

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Um sobrevivente disse a repórteres de uma emissora local que estava dormindo quando a colisão aconteceu e, ao acordar, se viu preso entre uma dúzia de passageiros. Ele conseguiu rastejar até a parte de fora, ferindo-se no pescoço e no braço. Por telefone, uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que viu pessoas com membros quebrados e passageiros morrendo ao seu redor.

Incidentes como o desta sexta não são raros no país, que tem uma das maiores malhas ferroviárias do mundo. O mais letal deles aconteceu em junho de 1981, quando um trem superlotado que levava 800 passageiros para Saharsa, no nordeste do país, descarrilou ao passar por uma ponte e caiu no rio Bagmati durante um ciclone. Cerca de 200 corpos foram encontrados, mas centenas de pessoas desapareceram —na época, o governo da Índia divulgou que apenas 88 foram resgatados com vida.

Em 1995, o país assistiu a mais um grande desastre. Em agosto daquele ano, o Purushottam Express, que viajava a 100 quilômetros por hora, bateu na traseira do Kalindi Express, que estava parado na linha após ter atropelado uma vaca em Ferozabad, no norte da Índia. O choque foi ouvido a vários quilômetros de distância por moradores. Cerca de 2.000 pessoas viajavam em ambos os trens, e pelo menos 350 delas morreram.

*com informações de Folha de São Paulo