Delegado Ericson de Souza Tavares - Foto: Divulgação / Polícia Civil do Amazonas

A Segunda Câmara Criminal do TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) decidiu mandar o delegado Ericson de Souza Tavares, que havia sido preso em flagrante em março e solto em junho, de volta à prisão. Ele é investigado por crimes de extorsão mediante sequestro, ameaça e associação criminosa.

O pedido de prisão preventiva foi feito pelo Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) após Ericson publicar um vídeo em suas redes sociais, no último dia 28.

Nas imagens, ele aparece ao som de um funk e fazendo gesto obsceno ao erguer o dedo médio. O vídeo foi feito em um carro de luxo e ao lado de uma mulher. Após a repercussão negativa, ele apagou a conta do Instagram.

O vídeo foi visto como uma “afronta” pelos promotores Gaeco, que juntaram elementos e pediram que a Justiça retomasse a prisão preventiva porque “o agente insinua em suas redes sociais que está acima da lei”.

“O paciente [delegado], além de cantar funk e usar palavrões, mostra o dedo do meio e zomba da situação que levou à sua prisão. A atitude do agente causou indignação entre os internautas, que consideraram a ação um desrespeito às investigações e às vítimas dos crimes de extorsão e sequestro pelos quais ele e outros policiais foram acusados.” observou o Pedido do Gaeco.

O delegado se entregou na noite desta segunda-feira na Delegacia Geral de Polícia Civil.

“Não se pode ignorar o fato de que Ericson de Souza Tavares é delegado da Polícia Civil, o qual detém poder e influência inerentes ao cargo público. Tal circunstância, somada à publicação de vídeo nas redes sociais, em que escarnece do Poder Judiciário, cria medo nas vítimas e frustração nos agentes públicos que procederam à prisão do ora Paciente, temendo, inclusive, pelo êxito da sequência da investigação.” afirmou Pedido do Gaeco.

Cronologia

Ericson era delegado titular do 6° Distrito Integrado de Polícia de Manaus e junto a outros oito agentes públicos e dois civis foram presos em ação da PM no dia 23 de março em Manacapuru.

Após mais de dois meses detido, ele foi solto no dia 6 de junho, atendendo a pedido de habeas corpus feito pela defesa.

O novo pedido de prisão foi feito no último dia 17. Em sessão virtual nesta segunda-feira (22), os desembargadores da Segunda Câmara Criminal do TJ-AM decidiram acompanhar o voto da relatora Lúcia Cristina Nascimento da Costa Marques.

“Ante o exposto, em consonância com o parecer ministerial de fls. 338-344, CONHEÇO e DENEGO a ordem de HABEAS CORPUS, impetrada em favor de ERICSON DE SOUZA TAVARES e, consequentemente, REVOGO A LIMINAR concedida e DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA do Paciente.” afirmou a Decisão por prisão do TJ-AM

A coluna procurou o advogado de Ericson, mas ele não respondeu às mensagens.

As suspeitas

A polícia chegou ao delegado após policiais de Manacapuru receberem denúncia de uma família, em 23 de março, que uma casa fora invadida por homens de preto, que se identificaram como policiais, e que eles levaram duas pessoas. O relato apontou que eles usavam capuzes.

A polícia iniciou buscas e identificou um dos veículos que era usado para o sequestro. Segundo o registro policial, ao abordarem o carro em uma rodovia de Manacapuru, descobriram que os suspeitos eram o delegado e outros três policiais civis. Eles foram detidos e tiveram prisão preventiva decretada no dia 25 de março.

Além deles, outros cinco PMs foram identificados como integrantes do grupo e também foram detidos na cidade vizinha de Novo Airão. Eles, com mais duas pessoas que não são policiais, estão sendo investigados.

Com o grupo de Ericson, foram apreendidos coletes à prova de balas, carregadores, munições, celulares e armas de grosso calibre.

*Com informações de Uol