Denúncia foi publicada pela revista “Veja” nesta sexta-feira (29)

Uma reportagem da revista “Veja”, publicada nesta sexta-feira (29), apontou que o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) empregou servidoras fantasmas no próprio gabinete durante cinco anos em um esquema de “rachadinha”, que é quando um parlamentar contrata uma pessoa para trabalhar e em troca recolhe parte do salário que o servidor ganharia oficialmente. Na maioria dos casos, a maior parcela do valor fica com o político.

Segundo a matéria, o esquema no gabinete de Alcolumbre durou de janeiro de 2016 até março de 2021, sendo que as seis mulheres que fizeram a denúncia para revista não trabalham mais com o senador. A publicação afirma que o político amapaense desviou com as rachadinhas pelo menos R$ 2 milhões.

Para reportagem, uma das ex-servidoras disse que o próprio Alcolumbre falou que ela não tinha qualificação para a vaga, já que não tinha curso superior, mas que ele a contrataria para ajudá-la. Outra revelou que é funcionária de uma fazenda no entorno do Distrito Federal e que, enquanto trabalhava com o senador, recebia também o Bolsa Família.

As denunciantes, todas de origem humilde, relatam terem topado participar do esquema por necessitarem de dinheiros. As mulheres contam também que nunca trabalharam de fato no gabinete e que nem precisavam ir ao Senado.

Conforme os depoimentos dados pelas ex-servidoras, a equipe do senador abria uma conta no banco para elas receberem o salário e que o cartão e a senha desta conta ficavam com os auxiliares de Alcolumbre. Segundo a revista, extratos bancários mostram que, no dia em que o pagamento caía na conta, era sacado em poucas horas.

A matéria da “Veja” mostra também que as verbas rescisórias e benefícios a que as servidoras tinham direito ficavam com a equipe do senador. Duas delas, aliás, estão processando o político por terem sido demitidas enquanto estavam grávidas.

Davi Alcolumbre é atualmente o presidente da Comissão da Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que é considera a mais importante da Casa. Antes disso, de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2021, ele foi presidente do Senado Federal.

Por meio de nota oficial, divulgada logo após a publicação da matéria da revista “Veja”, Alcolumbre negou as denúncias de rachadinha e disse que a prática de confiscar salário de servidores é “repudiável”. “Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem”, alegou o senador no texto.

Abaixo, confira a nota oficial de Davi Alcolumbre:

Venho sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes. Há algumas semanas soltei nota à imprensa informando que não aceitaria ser ameaçado, intimidado e tampouco chantageado. Pois bem, além de repetir firmemente o mesmo posicionamento, acrescento que tenho recebido todo tipo de ‘aviso’, enviado por pessoas desconhecidas, que dizem ter informações sobre uma orquestração de denúncias mentirosas contra mim.

Primeiro, fui acusado de ser um intolerante religioso (um judeu contra um evangélico), depois um áudio, de quase 10 anos atrás, foi divulgado em uma narrativa venenosa e maldosa de algo que nunca aconteceu.

Na sequência, uma operação da Polícia Federal, iniciada em 2020 e com desdobramentos somente agora, em vários estados, onde apenas um nome foi citado e amplamente divulgado: o meu. Operação na qual não sou investigado.

Agora, novamente, sou surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários.

Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem.

Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos.

Continuarei exercendo meu mandato sem temor e sem me curvar a ameaças, intimidações, chantagens ou tentativas espúrias de associar meu nome a qualquer irregularidade.

É nítido e evidente que se trata de uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal.

Davi Alcolumbre

Senador da República”