Foto: Carl de Souza (AFP) / El País

Publicações didáticas, e gratuitas, criadas por pesquisadores buscam explicar com uma linguagem simples e acessível questões ambientais que estão sendo discutidas no meio acadêmico.

“Os jovens irão viver uma parte do século que seus pais não viverão e na qual estão colocados enormes desafios em que eles mesmos terão que ser protagonistas.” A frase do pesquisador Pedro Jacobi, coordenador do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no final de 2021, aponta para a preocupação dos especialistas em temas ambientais para tratar das emergências climáticas para além dos laboratórios de pesquisa.

Apesar de constar da Base Nacional Curricular, documento que orienta a educação desde o ensino fundamental até o médio, o tema das mudanças climáticas ainda é abordado de forma restrita nas escolas, conforme explicou Edson Grandisoli, pesquisador do programa Cidades Globais do IEA. Também falta preparação adequada aos professores, que precisam fazer a ligação entre os vários ramos do conhecimento numa perspectiva interdisciplinar.

Para auxiliar na abordagem do tema em sala de aula, a Universidade tem produzido conteúdos dirigidos a professores e alunos, buscando traduzir em uma linguagem simples e acessível aquilo que está sendo discutido no meio acadêmico. Todos os materiais têm em comum uma ideia: convocar uma mudança na comunicação dentro das salas de aula para a mobilização dos jovens.

Em busca do protagonismo juvenil

A proposta do e-book gratuito Novos Temas em Emergência Climática é reunir diversos assuntos relacionados às emergências climáticas, tratando do tema de forma interdisciplinar e com sugestões práticas de ações, visando ao protagonismo juvenil.

“É importante que as pessoas entendam que os efeitos e as consequências das emergências climáticas não são absolutamente democráticos. Elas afetam algumas pessoas muito mais do que outras”, destaca um dos organizadores do livro. Nesse sentido, as soluções propostas no e-book reivindicam a ideia de justiça climática, um processo que compensa as mudanças ambientais levando em consideração a forma como cada grupo é atingido.

A publicação é destinada a educadores e estudantes da educação básica e conta com a participação de pesquisadores da área de sustentabilidade — entre eles, os professores da USP Marcos Buckeridge, Paulo Artaxo, Pedro Henrique Campello Torres, Pedro Roberto Jacobi e Tércio Ambrizzi. A obra é organizada pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (NapMC/Incline) e pelo Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e está disponível gratuitamente para download.

Viagem pelo universo climático

O e-book gratuito Mudanças Climáticas e a Sociedade tem a proposta de fornecer conhecimento confiável e de qualidade, com base em pesquisas científicas, sobre as questões ambientais e urgentes que o planeta enfrenta atualmente. Ele faz parte de um projeto da equipe do professor Tercio Ambrizzi, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

“O tema das mudanças climáticas tem estado na mídia já há algum tempo mas muitas pessoas não compreendem o que realmente significa. Por exemplo, qual a diferença entre mudanças climáticas e aquecimento global? O ser humano é mesmo o responsável por estas mudanças?”, explica o professor Ambrizzi. O livro também explica como distinguir clima e tempo e como ter certeza que o clima está de fato mudando.

Além da publicação, os pesquisadores também elaboraram um site educativo que tem vários recursos para o aprendizado. O internauta pode navegar pelo “universo climático”, num loop que relaciona como o clima impacta a sociedade e como a sociedade impacta o clima.

Os conteúdos disponíveis no site são: fatores que influenciam o clima da Terra; o clima atual do Brasil nas diferentes estações do ano e em termos de temperaturas; as evidências científicas que mostram que o clima está mudando devido ao aquecimento global, resultante das ações humanas; os principais impactos projetados para o clima no Brasil para o final deste século; e como as mudanças climáticas e a degradação do meio ambiente podem influenciar o desenvolvimento de doenças infecciosas que trazem inúmeros prejuízos para a sociedade.

Mais informações no endereço https://www.climaesociedade.iag.usp.br/

Com informações de Um Só Planeta / Globo