Católico e conservador são duas palavras usadas para descrever o subprocurador Paulo Gustavo Gonet Branco, 62. Ele foi indicado pelo presidente Lula (PT) ao comando da PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2023, apesar de desagradar a uma parcela da esquerda.
Agora, o inquérito sobre a tentativa de golpe e o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro estão em suas mãos, para que se decida se Bolsonaro será enquadrado criminalmente.
Aborto e ditadura: as críticas a Gonet
Em setembro de 2023, Lula convidou Gonet para uma reunião no Planalto. O encontro, fora da agenda, foi o primeiro movimento do petista em conhecer melhor o subprocurador.
Segundo aliados, diferentemente do que buscava nas indicações para o STF, Lula não cobrava um nome específico, mas um perfil: um PGR que fosse proativo —mas nem tanto— e, claro, nada de lavajatista.
Durante a conversa com o petista, Gonet se apresentou e disse as suas credenciais. Não fez questão de esconder que é católico e conservador, mesmo sabendo que os traços desagradam alas mais à esquerda do PT.
Em 2023, adversários e críticos de Gonet relembraram posicionamentos do subprocurador considerados, por eles, desabonadores de uma indicação vinda de um governo de esquerda. Um manifesto foi enviado ao Planalto, mas isso não impediu Lula de conduzir Gonet ao cargo.
Foi citado artigo escrito por Gonet em 2011. Ele afirmou na época que o aborto, entendido como a “interrupção voluntária do processo biológico iniciado com a concepção”, afronta a Constituição.
Mortes na ditadura. Antes disso, nos anos 1990, Gonet integrou a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos como representante do Ministério Público Federal e foi voto vencido nos julgamentos que reconheceram a responsabilidade do Estado brasileiro pelas mortes do estudante secundarista Edson Luís e dos guerrilheiros Carlos Marighella e Carlos Lamarca durante a ditadura militar.
