Trump segura a taça da Copa do Mundo no Salão Oval da Casa Branca - Foto: Jonathan Ernst / Reuters
A pressão pública e o uso da máquina do governo asseguraram ao presidente Donald Trump o que os seus aliados consideraram vitórias políticas nas últimas semanas, mas ainda não suficientes para alçar o republicano ao favoritismo em uma de suas obsessões: ganhar o Nobel da Paz.
Nos últimos dias, o presidente americano intensificou os esforços para acabar com a guerra entre Ucrânia e Rússia. Ele promoveu um encontro com seu homólogo russo, Vladimir Putin, recebido com pompa no Alasca, em 15 de agosto.
Depois, recebeu o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na Casa Branca, junto de líderes europeus, também como parte do esforço por um cessar-fogo. O desfecho do conflito, porém, continua nebuloso.
O aumento da pressão por uma trégua no pior conflito em território europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) coincide com a aproximação da data em que serão anunciados os novos vencedores do Nobel da Paz, em 10 de outubro.
O republicano e seus aliados têm enaltecido as resoluções de outros conflitos como prova de que Trump é um pacificador. No sábado (23), as páginas da Casa Branca nas redes sociais escreveram que o presidente teve uma “semana cheia buscando a paz”.
Na mensagem, a secretária de Imprensa de Trump, Karoline Leavitt, exaltou os encontros promovidos pelo presidente em busca de solução para o conflito na Ucrânia. Também mencionou a intervenção do governo federal em Washington para diminuir os índices de criminalidade dentro de seu país.
Internamente, Trump obteve vitórias. Em uma frente, viu o Texas passar uma lei que amplia de 25 para 30 o número de cadeiras no Congresso a partir das eleições de meio de mandato do ano que vem. A medida foi apoiada pelo presidente americano e tem como objetivo ampliar a maioria republicana no Parlamento.
Mas a Califórnia reagiu, propondo também ampliar em cinco o número de representantes no Legislativo, num projeto para aumentar o número de democratas que será votado em novembro.
Na esfera jurídica, um tribunal de Nova York anulou, na quinta (21), a multa de US$ 464 milhões que Trump havia sido condenado a pagar por supostamente superestimar o preço de suas propriedades e de outros ativos numa tentativa de valorizar os negócios de sua família.
Em outra frente, na sexta (22), o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, um de seus maiores alvos de críticas, disse que sinalizou corte na taxa de juros em setembro, após meses de insistência e pressão feita por Trump.
No mesmo dia, o FBI, a polícia federal americana, conduziu um processo de busca e apreensão na casa de John Bolton, ex-assessor de Trump em seu primeiro mandato e que, depois, tornou-se algoz.
Também na sexta, Trump recebeu o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e anunciou que o sorteio dos jogos da Copa do Mundo 2026 será feito em 5 de dezembro no Kennedy Center, em Washington. O republicano tem se empenhado para remodelar o centro cultural da capital, historicamente democrata.
Na mesma reunião, Trump fez um novo ultimato aos envolvidos na Guerra da Ucrânia, o que sublinhou que o seu objetivo inicial, de conseguir a paz no conflito, ainda está longe de ser alcançado.
Conseguir a resolução da guerra, a qual Trump prometeu na campanha que faria em 24 horas, é considerado por aliados do presidente o feito que sacramentaria o recebimento do Nobel da Paz.
Trump colocou isso como meta neste segundo mandato. A campanha passa não só por falas do republicano, mas também por mensagens institucionais da Casa Branca e pela atuação dos seus aliados.
Na rede social Truth Social, ele publicou, em ao menos seis ocasiões, que merece ser laureado com o Nobel.
A porta-voz da Casa Branca também incluiu o assunto nas suas entrevistas semanais à imprensa, mesmo sem ser questionada. Há algumas semanas, Karoline Leavitt exaltou Trump ao dizer que ele foi determinante para que seis conflitos fossem interrompidos: entre Índia-Paquistão, Israel-Irã, Tailândia-Camboja, Ruanda-República Democrática do Congo, Sérvia-Kosovo e Egito-Etiópia.
Segundo ela, o presidente intermediou um acordo de paz ou um processo de cessar-fogo por mês desde que voltou à Casa Branca. Por isso, disse, já está “mais do que na hora de ele receber o Nobel da Paz”.
Trump reivindicou crédito por interromper confrontos entre Índia e Paquistão, em maio, e fazer a mediação da disputa entre Armênia e Azerbaijão.
Segundo o jornal norueguês Dagens Næringsliv, o americano ligou para o ministro das Finanças do país em julho para discutir o prêmio. Já Netanyahu, um dos maiores aliados de Trump, disse ter indicado o republicano ao Nobel em uma carta enviada ao comitê. O primeiro-ministro cambojano Hun Manet repetiu o gesto após o cessar-fogo entre Camboja e Tailândia.
Armênia e Azerbaijão sinalizaram apoio à candidatura após uma cúpula na Casa Branca, em 8 de agosto, que resultou em um acordo conjunto entre o premiê armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente azerbaijano, Ilham Aliyev. Líderes de Ruanda e República Democrática do Congo também apoiaram Trump por seu papel no fim de décadas de conflito.
Trump não seria o primeiro americano agraciado. Barack Obama recebeu o Nobel da Paz em 2009 por seu trabalho em prol do desarmamento nuclear. A escolha foi criticada por ele estar no início do mandato e ainda envolvido em guerras.
Obama foi o terceiro presidente americano em exercício a vencer, depois de Theodore Roosevelt (1906) e de Woodrow Wilson (1919). Jimmy Carter recebeu o prêmio em 2002, duas décadas após seu mandato. Também foram laureados Al Gore (2007), Henry Kissinger (1973) e Martin Luther King (1964).
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