
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por golpe de Estado faz do Brasil um exemplo para o mundo em meio ao avanço de populistas autoritários em diversos países, afirma o jornal britânico Financial Times (FT), em editorial publicado nesta quarta-feira (17/9).
“O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil fez história ao condenar, na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete outros réus, a maioria ex-oficiais militares de alto escalão, por planejarem um golpe”, afirma o FT, em seu editorial, texto que representa a opinião do jornal sobre um tema.
O principal periódico econômico do Reino Unido lembra que, na tumultuada história política do Brasil, nenhum golpista jamais havia sido responsabilizado por tentar derrubar um governo e afirma que o bem sucedido julgamento “fortalece os alicerces da democracia brasileira”.
“Com a democracia sitiada por populistas autoritários em vários continentes, o caso é um exemplo importante de como uma grande nação em desenvolvimento consegue manter o Estado de Direito diante da forte pressão de um líder eleito empenhado em subvertê-lo”, afirma o FT.
Na opinião do jornal, o julgamento de Bolsonaro não foi perfeito e teria maior legitimidade se tivesse sido realizado no plenário do STF, composto por 11 membros, ao invés de na 1ª Turma da Corte, composta por cinco juízes.
O FT lembra que, entre os membros da 1ª Turma, estão Cristiano Zanin, ex-advogado pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); Flávio Dino, seu ex-ministro da Justiça; e Alexandre de Moraes, uma possível vítima do complô, por ser um dos alvos da operação “Punhal Verde e Amarelo”, que planejou a assassinato de autoridades.
O jornal também destacou as queixas da defesa, de que a rapidez do processo teria impedido a análise do volumoso conjunto de provas, além do voto dissidente do ministro Luiz Fux, que rejeitou as acusações e defendeu que o caso deveria ter sido julgado por uma instância inferior.
“No entanto, na acusação central de conspiração criminosa, uma maioria de 4 a 1 considerou as provas convincentes”, destacou o jornal, observando que depoimentos dos comandantes do Exército e da Aeronáutica mostraram o quão perto o ex-presidente chegou “de seu objetivo de subverter a vontade popular”.
