O recurso é visto como uma última possibilidade para reduzir o aquecimento global
Em outubro, a Casa Branca divulgou um plano de pesquisa de cinco anos para estudar a geoengenharia solar, método que consiste em bloquear os raios solares para diminuir as atuais altas temperaturas do mundo. Por ser uma alternativa arriscada, a ideia causa polêmica entre cientistas e ambientalistas.
Além da Casa Branca, a geoengenharia é pesquisada globalmente por outras instituições de pesquisas: uma comissão sobre as circunstâncias do Acordo de Paris, o Conselho de Ética em Assuntos Internacionais Carnegie Council e um grupo acadêmico do Reino Unido, o Degrees Initiative e em Harvard.
A ideia tornou-se uma possibilidade um pouco mais real após as metas de combate às mudanças climáticas terem obtido poucos resultados. Ainda em outubro, um relatório da ONU apontou que os esforços atuais não são suficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius até o final do século, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.
A partir de então, defensores da geoengenharia consideram que a alternativa deve, ao menos começar a ser considerada pela comunidade científica.
Como funciona?
Por meio de pulverizações de elementos capazes de refletir os raios solares e desviá-los da Terra, como ocorre com o enxofre, a geoengenharia solar é inspirada nas erupções vulcânicas. Segundo especialistas, a técnica reduziria as altas temperaturas do planeta, uma vez que parte da radiação ultravioleta seria bloqueada, gerando uma espécie de sombra na atmosfera.
Segundo o The New Yorker, uma equipe de Harvard que promove estudos sobre a geoengenharia “está recorrendo à diplomacia para avançar em seu trabalho”. Para David Keith, professor de física aplicada na Harvard School of Engineering and Applied Sciences e defensor do método: “Não há dúvida de que, na batalha pública, se for Harvard contra os povos indígenas, não podemos prosseguir. Isso é apenas uma realidade.”
Possíveis impactos negativos
São muitos os impactos negativos do bloqueio de raios solares na atmosfera mostrados pelos estudos. Os problemas incluem até a possibilidade de uma maior alteração nas condições climáticas, com possíveis inundações diversas localidades.
No ano passado, pesquisadores de Harvard planejaram um experimento no norte da Suécia, local onde estão os Saami, comunidade já impactada pelos invernos mais quentes na região. Os testes foram barrados pela própria comunidade, com o apoio de outros trinta grupos indígenas do mundo e ativistas ambientais, incluindo Greta Thunberg.
Segundo o ambientalista Anote Tong, ex-presidente de Kiribati, “a geoengenharia como uma possível solução para esta catástrofe se tornará definitivamente a única opção de último recurso se nós, como comunidade global, continuarmos no caminho que estamos seguindo”.
Com informações da Época Negócios