Kleber Cabral, presidente da Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), disse hoje, em entrevista ao UOL News, que 90% dos 100 chefes de unidades da Receita do país entregaram seus cargos e que há risco de greve do órgão. Segundo ele, as demissões são um protesto, por causa do corte de verbas no Orçamento de 2022 para a Receita e da não regulamentação de um bônus para o setor. “Esses cortes na Receita foram feitos para propiciar reajustes para as carreiras policiais”, disse.
O Congresso aprovou R$ 1,7 bilhão para conceder aumento de salário a servidores, uma demanda do presidente Jair Bolsonaro, em aceno à sua base eleitoral. Embora o Orçamento não defina que categorias serão beneficiadas, o acordo é para dar aumento a policiais.
Para o presidente do Sindifisco, o acordo mostra que o governo desprestigia a Receita.
“Causou uma indignação muito grande dentro do órgão. Foi um fogo no palheiro. Já existia um sentimento de desprestígio acumulado de muito tempo, mas agora isso chegou e causou uma indignação enorme. Está havendo desde ontem uma entrega de cargos em todo o país. Cerca de 90% dos chefes de unidade já entregaram os cargos.” – Kleber Cabral, presidente da Sindifisco, ao UOL News
Cabral disse que a aprovação do reajuste a policiais federais mostrou um “apreço muito especial [da categoria] por parte do ministro da Justiça, o que é natural, pelo presidente da República e por parte do Congresso”. Em contraposição, para ele, a Receita está sofrendo cortes de orçamentos que são essenciais para o seu funcionamento.
Possibilidade de greve
Segundo o sindicato, será realizada uma assembleia amanhã para definir se haverá uma paralisação total das atividades da categoria, incluindo a operação padrão na área aduaneira.
A ação, declara o presidente da Sindifisco, é para ver se o governo federal e o Congresso “acordam para o grau de descompromisso” que tiveram com o órgão.
“Não sobrou alternativa, a não ser demonstrar com muita força, muita contundência, o grau de indignação que isso tem causado. É uma situação de sobrevivência do órgão. Foi cortada metade dos recursos e mais de R$ 600 milhões só a área de Tecnologia da Informação”, disse.
Guedes deixou ‘bagunça’
Cabral criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que a situação acontece enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, está saindo de férias. A Receita é um órgão subordinado ao Ministério da Economia.
“O ministro Guedes deixou essa bagunça e saiu de férias. Isso que nos decepciona e nos chateia demais.”
Segundo o sindicato, o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, “brigou” pela categoria de policiais federais, enquanto Guedes “dá ok para cortar o orçamento” da Receita.
*Com informações de Uol