Cavalo transportado de avião para as Olimpíadas: Modalidade aérea inclui tratadores a bordo e passaporte especial - Foto: Leanjo de Koster / Fédération Equestre Internationale

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Nottingham Trent (NTU), na Inglaterra , revelou que os cavalos podem ser muito mais espertos do que se pensava anteriormente, após mostrarem um desempenho melhor que o esperado em um complexo jogo baseado em recompensas.

O estudo , publicado na revista Applied Animal Behaviour Science, concluiu que os cavalos têm a habilidade de pensar e planejar , uma técnica conhecida como aprendizagem baseada em modelos e que, antigamente, era considerado além de suas capacidades.

Segundo os pesquisadores, quando as guloseimas eram negadas após os animais desobedecerem às regras do jogo, os cavalos eram capazes de mudar rapidamente as suas estratégias para acessarem as recompensas.

Para os cientistas, é importante entender como os cavalos pensam para ajudar os cuidadores a tratá-los com mais dignidade e melhorar o seu bem-estar.

O experimento

Para compreender melhor a habilidade de pensamento dos cavalos, o grupo de pesquisadores reuniram 20 equinos para realizar uma tarefa dividida em três etapas.

Na primeira etapa, os cavalos tocavam um cartão com o focinho para receberem um petisco.

O jogo ficou mais complexo quando foi introduzida uma luz, que condicionava quando os animais poderiam tocar o cartão para receberem a guloseima.

A equipe notou que os cavalos continuavam a tocar no cartão independentemente da luz estar acesa ou apagada, e eram recompensados pelas respostas corretas.

Cavalo comprado por Arthur Lira em leilão realizado por Wesley Safadão – Foto: Agreste Leilões / YouTube

Na última etapa, foi adicionada uma penalização: quem tocasse no cartão enquanto a luz do ‘stop’ estava acesa tinha um desconto de tempo de 10 segundos.

Mas, em vez de tocarem indiscriminadamente no cartão, a equipe percebeu que os cavalos cumpriam as regras, fazendo apenas um movimento no momento certo para receberem a sua recompensa.

Na visão dos cientistas, isso sugere que os cavalos tinham compreendido as regras do jogo o tempo todo, mas tinham encontrado uma forma de jogar na segunda fase que não exigia muita atenção.

“Os animais precisam normalmente de várias repetições de uma tarefa para adquirir gradualmente novos conhecimentos, ao passo que os nossos cavalos melhoraram imediatamente quando introduzimos um custo para os erros”, disse Louise Evans, candidata ao doutorado na Escola de Ciências Animais, Rurais e Ambientais da NTU.

A Dr.ª Carrie Ijichi, professora sênior de ciência equina na NTU, disse que os cavalos “não são gênios naturais, são considerados medíocres, mas esse estudo mostra que eles não estão na média e são, de fato, mais avançados cognitivamente do que nós os creditamos”.

Anteriormente, a aprendizagem baseada em modelos era considerada muito complexa para os cavalos, pois eles têm um córtex pré-frontal (uma parte do cérebro associada ao pensamento estratégico) subdesenvolvido.

Para Dra. Ijichi, o estudo revela que os cavalos “devem estar usando outra área do cérebro para alcançar um resultado semelhante”.

“O que nos ensina que não devemos fazer suposições sobre a inteligência ou a senciência dos animais com base no fato de serem ‘construídos’ como nós”.

*Com informações de iG