Joe Biden acompanhou de perto a destruição da Amazônia, viu incêndios na floresta e fez diversos questionamentos, revelou o colunista Carlos Nobre. O cientista e climatologista foi o único brasileiro presente no sobrevoo feito pelo presidente dos Estados Unidos sobre a região no domingo (17).
Biden visitou Manaus e anunciou um investimento de US$ 50 milhões (cerca de R$ 289 milhões) para o Fundo Amazônia. O valor está longe da promessa do governo norte-americano de oferecer US$ 500 milhões à floresta.
“Quando nós voamos, foram 25 minutos em um helicóptero, saindo de Manaus. Ele viu a destruição, que já existe ali do lado de Manaus. Vimos toda aquela área desmatada, degradada, e regiões com incêndios que aconteceram recentemente e aqueles do ano passado, com milhares de árvores mortas.”
“Passamos em cima de dois incêndios acontecendo na floresta, um pouco a nordeste de Manaus, e isso nos surpreendeu muito. É bastante preocupante. Conversei bastante com o presidente, mostrando que os rios Negro, Solimões e Amazonas atingiram o menor valor de volume da história. Vimos rios que chegam ao Amazonas sequíssimos, com áreas muito degradadas.”
“Foi bem interessante a conversa para mostrar ao presidente Biden o risco que temos na Amazônia. Falei para ele que temos a pior seca da história da Amazônia, e isso é aquecimento global, e também de toda a destruição que temos feito há muitas e muitas décadas, mas que infelizmente continua.”
“Biden fez várias perguntas enquanto estávamos sobrevoando aquela região de Manaus sobre o que estava acontecendo ali. Fez perguntas científicas, como por que o rio Negro é tão negro.” afirmou Carlos Nobre.
Nobre criticou a postura do presidente argentino Javier Milei, que decidiu retirar seus negociadores da COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), realizada em Baku (Azerbaijão) e ameaça tirar o país do Acordo de Paris.
“Se Milei não fosse tão anticiência, os argentinos deveriam estar muito informados que o desmatamento da Amazônia os afeta também, assim como Foz do Iguaçu e os rios Paraná e da Prata. O que perdemos lá vai reduzir demais as chuvas nessa região e em muitos dos ecossistemas do norte da Argentina.”
“O aquecimento global e o desmatamento da Amazônia têm um impacto muito grande fora dela. Ele já está praticamente tirando a Argentina das COPs . Era muito importante os argentinos compreenderem que eleger um presidente anticiência pode ser muito ruim para o país.” disse Carlos Nobre.
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