
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou o reconhecimento de um Estado palestino. Esta foi a primeira nação do G7, fórum que reúne os sete países mais industrializados do mundo, a tomar a medida. Na sequência, Reino Unido e Austrália publicaram anúncios na mesma direção.
Declaração canadense lembra que país apoia uma solução de dois Estados desde 1947 para “uma paz duradoura no Oriente Médio”. “Durante várias décadas, o Canadá acreditou nesse objetivo, na expectativa de que finalmente houvesse uma solução negociada. Infelizmente, essa possibilidade foi gradualmente comprometida, a ponto de se tornar quase impensável”, ressalta o texto do primeiro-ministro canadense, Mark Carney.
Primeiro-ministro afirmou que a declaração busca construir uma “promessa de futuro pacífico” para Palestina e Israel. Ele criticou o grupo terrorista Hamas, que acusou de “aterrorizar” o povo israelense e “oprimir” a população de Gaza, mas também disse que o governo de Israel comete “violação do direito internacional” no território palestino.
O Reino Unido afirmou em anúncio que a esperança de uma solução de dois Estados está “desaparecendo”. Primeiro-ministro, Keir Starmer, ainda pediu que Israel pare com “táticas cruéis” e deixe “a ajuda chegar”.
Starmer também diz que sancionará líderes do Hamas – que chamou de “uma organização terrorista brutal” – nas “próximas semanas”. “Já prescrevemos e sancionamos o Hamas, e iremos mais longe”, afirmou.
“Nosso apelo por uma solução genuína de dois Estados é exatamente o oposto de sua visão odiosa. Então, estamos claros: esta solução não é uma recompensa para o Hamas, porque significa que o Hamas não terá futuro, nenhum papel no governo, nenhum papel na segurança.” afirmou Keir Starmer, premiê do Reino Unido.
O anúncio de Starmer ocorre poucos dias após uma visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à Inglaterra. O governo britânico já tinha adiantado que faria o reconhecimento neste fim de semana.
“Nós reconhecemos o Estado de Israel há mais de 75 anos como um lar para o povo judeu. Hoje, Nós nos juntamos a mais de 150 países que também reconhecem um Estado palestino. Um pleito para o povo palestino e israelense de que pode haver um futuro melhor. Eu conheço a força do sentimento que este conflito provoca. Nós o vimos nas nossas ruas, em nossas escolas, em conversas que tivemos com amigos e família. Criou-se uma divisão. Alguns a usaram para provocar ódio e medo, mas isso não resolve nada.” falou o Keir Starmer, premiê do Reino Unido.

A Austrália também anunciou reconhecimento e defendeu a reconstrução de Gaza. Em agosto, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, já havia adiantado que o faria.
Albanese destacou que há um “trabalho crucial” de “toda a comunidade internacional” para criar um “plano de paz confiável”. Além de permitir a reconstrução do território, é preciso que o plano fortaleça a capacidade do Estado da Palestina e “garanta a segurança” de Israel.
“O reconhecimento da Palestina pela Austrália, juntamente com Canadá e pelo Reino Unido, é parte de um esforço coordenado internacionalmente para dar um novo impulso para uma solução de dois Estados, começando com um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns feitos nas atrocidades de 7 de outubro de 2023.” afirmou Anthony Albanese, primeiro-ministro australiano.
Primeiro-ministro canadense ainda acusou Israel de sistematicamente tomar medidas para evitar o reconhecimento do Estado palestino. “Busca de forma incansável a expansão dos assentamentos na Cisjordânia, o que é ilegal segundo o direito internacional. Sua contínua agressão contra Gaza matou dezenas de milhares de civis, deslocou mais de um milhão de pessoas e causou uma fome devastadora que poderia ter sido evitada, o que constitui uma violação do direito internacional”, disse Mark Carney.
“O reconhecimento de um Estado da Palestina liderado pela Autoridade Palestina fornece ferramentas adicionais para aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas. Não legitima nem tolera o terrorismo. Além disso, não compromete de forma alguma o apoio inabalável do Canadá ao Estado de Israel, ao seu povo e à sua segurança — segurança que só pode ser garantida por meio da obtenção de uma solução abrangente de dois Estados.” disse Mark Carney, primeiro-ministro canadense.
Outros países, como Portugal, França e Bélgica devem se juntar ao grupo. O anúncio deve ser na Conferência para a Solução de Dois Estados em Nova York, organizada pela França e Arábia Saudita, às 16h (horário de Brasília).
Israel fala em ‘risco de sobrevivência’
Hoje, primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que um Estado palestino colocaria em risco a sobrevivência de Israel. Premiê disse que “a comunidade internacional” ouvirá Israel sobre o tema “nos próximos dias”.
“Também precisaremos lutar, tanto na ONU quanto em todas as outras arenas, contra a falsa propaganda enganosa dirigida a nós e contra os apelos por um Estado palestino, que colocaria nossa existência em risco e serviria como uma recompensa absurda para o terrorismo.” afirmou Benjamin Netanyahu.
Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que reconhecimento seria “recompensa” ao grupo terrorista Hamas. “Os próprios líderes do Hamas admitem abertamente: esse reconhecimento é um resultado direto, o ‘fruto’ do massacre de 7 de outubro”, afirmou a pasta, em publicação no X, citando os ataques terroristas do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deram início ao conflito em Gaza.
