Restos mortais de 215 crianças já haviam sido encontrados em maio em outra escola do país. IMAGEM: Reprodução

Centenas de novas sepulturas anônimas foram descobertas nesta quinta-feira, 24, no local de um antigo internato para indígenas administrado pela Igreja Católica no Canadá. O novo achado foi anunciado menos de um mês após os restos mortais de 215 crianças terem sido encontrados em outro centro semelhante no país.

Segundo os líderes comunitários e a Federação de Nações Indígenas Soberanas de Saskatchewan, há mais de 750 túmulos perto do antigo internato de Marieval, na província de Saskatchewan. “Até ontem, encontramos 751 sepulturas sem nome”, disse à imprensa o chefe da Primeira Nação de Cowessess, Cadmus Delorme, esclarecendo que não se tratava de uma vala comum.

Em maio, restos mortais de 215 crianças, algumas com apenas três anos de idade, já haviam sido encontrados em uma vala comum na Escola Residencial Indígena Kamloops, que funcionou de 1890 até o final dos anos 1970, na região da Columbia Britânica.

A descobertas são mais mais um indício do genocídio contra povos indígenas. Desde o século XIX até a década de 70, mais de 150.000 crianças das chamadas Primeiras Nações indígenas foram arrancadas dos braços de suas famílias e obrigadas a frequentar escolas cristãs financiadas pelo estado como parte de um programa para assimilá-las à sociedade canadense. Muitas delas nunca voltaram para casa.

Ao longo de décadas, as crianças foram forçadas a se converter ao cristianismo e proibidas de falar em suas línguas nativas. Muitos foram espancados e abusados ​​verbalmente, e afirma-se que até 6.000 morreram. Em 2008, o governo canadense pediu desculpas no Parlamento e admitiu que o tratamento nas escolas era abusivo.

Um relatório feito há mais de cinco anos por uma Comissão de Verdade e Reconciliação disse que pelo menos 3.200 crianças morreram em meio a abusos e negligência, e disse que havia relatos de pelo menos 51 mortes apenas na escola de Kamloops entre 1915 e 1963. (VEJA)