Recorde fica com março de 2024 - Foto: Reprodução / James Day

O Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio é comemorado em 16 de setembro. A data foi escolhida pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) por marcar a data da assinatura do Protocolo de Montreal, firmado em 1987 com o objetivo de proteger a Ozonosfera — região da estratosfera terrestre que concentra altas quantidades de ozônio.

A camada de ozônio protege os seres humanos, animais e plantas dos raios ultravioleta (UV) emitidos pelo Sol, atuando como uma espécie de escudo protetor. Para ajudar a compreender a importância da preservação da Ozonosfera, o Terra preparou o resumo abaixo. Confira!

O que é a camada de ozônio?

A atmosfera terrestre é composta por diferentes camadas de gases, entre eles, o ozônio (O3), único gás responsável por filtrar a radiação ultravioleta do tipo B (UV-B). Cerca de 90% das moléculas concentram-se entre 15 e 30 km acima da superfície da Terra, formando a camada de ozônio.

O ozônio pode exercer funções diferentes na atmosfera, dependendo da altitude em que ele se encontra. Na estratosfera, por exemplo, o ozônio é criado quando a radiação ultravioleta interage com moléculas de oxigênio.

Quando essa molécula de oxigênio é quebrada, ela se transforma em dois átomos. O átomo de oxigênio (O2) liberado se une a outra molécula de oxigênio, formando, assim, o ozônio (O3). Na região estratosférica, 90% da radiação ultravioleta do tipo B é absorvida pelo ozônio.

Qual a função da camada de ozônio?

As moléculas de O3 absorvem a maior parte da radiação ultravioleta do Sol. Essa radiação pode causar efeitos nocivos nos seres humanos como aumento do risco de câncer de pele, além de afetar o ecossistema terrestre e marinho, reduzindo a fecundidade, a sobrevivência e até mesmo as funções vitais de organismos vivos.

A exposição à radiação UV-B também está associada aos riscos de danos à visão (catarata), ao envelhecimento precoce e ao enfraquecimento do sistema imunológico.

Nos ecossistemas, a camada de ozônio protege as plantas para que a fotossíntese não seja prejudicada e para que os fitoplânctons, que são fundamentais para a captura de carbono (CO2), não sejam destruídos, tendo em vista que estes são extremamente sensíveis ao UV-B. Além disso, a camada de ozônio auxilia no equilíbrio climático, na manutenção da temperatura e na circulação da estratosfera.

Paisagem do lago Tefé em setembro de 2024, durante seca histórica no Amazonas – Foto: Alessandro Falco / INCT Adapta

Existe um buraco na camada de ozônio?

Os buracos na Ozonosfera são, na verdade, regiões específicas onde há diminuição significativa de ozônio, abaixo de 50%. A Antártida é uma das regiões mais afetadas pela diminuição de O3, o que promove também o derretimento das geleiras.

A descoberta de um buraco na camada de ozônio foi anunciada pela primeira vez em 1985, por três cientistas do British Antarctic Survey. Na prática, os pesquisadores descobriram que o “escudo solar natural do mundo”, que protege pessoas, plantas, animais e ecossistemas da radiação ultravioleta excessiva, havia rompido.

O buraco na camada de ozônio refere-se a uma grande área da estratosfera com quantidades baixas de ozônio. Mas essa destruição da camada não se limita somente à área sobre o Polo Sul. Esses buracos também podem incluir latitudes da América do Norte, Europa, Ásia, grande parte da África, Austrália e América do Sul.

O que causa a destruição da camada de ozônio?

Quando átomos de cloro e bromo entram em contato com o ozônio na estratosfera, eles destroem moléculas de ozônio. Um átomo de cloro pode destruir mais de 100.000 moléculas de ozônio antes de ser removido da estratosfera. O ozônio pode ser destruído mais rapidamente do que é criado naturalmente.

Os gases clorofluorcarbonos (CFC) são os principais responsáveis pela redução de ozônio. Esses gases estão presentes em aerossóis, refrigeradores, materiais plásticos e solventes. Quando os gases CFC alcançam a estratosfera, há uma reação química: os átomos de cloro reagem com as moléculas de ozônio e causam a destruição da mesma, já que um átomo de cloro pode destruir até 100 mil moléculas de ozônio.

Outros químicos que influenciam na destruição da camada de ozônio são Halon, Tetracloreto de Carbono (CTC), Hidroclorofluorcabono (HCFC), Clorofluorcarbono (CFC) e Brometo de Metila, classificados pelo Protocolo de Montreal como Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs).

Aquecimento global

Enquanto a camada de ozônio auxilia na diminuição da incidência de raios ultravioletas, o efeito estufa age na regulação da superfície da Terra. No entanto, quando gases tóxicos provenientes da atividade humana atingem uma determinada altura da atmosfera, há a destruição de parte da camada de ozônio, bem como a intensificação do efeito estufa. Dessa forma, há maior incidência de radiações nocivas e a temperatura média da superfície da Terra aumenta.

Como proteger a camada de ozônio

Graças a medidas ambientais adotadas pelas nações de todo o mundo, após o Protocolo de Montreal, que foi estabelecido em 16 de setembro de 1987, o buraco na camada de ozônio vem encolhendo. Especialistas apoiados pela ONU afirmam que é possível restaurar a Ozonosfera em até quatro décadas.

Desde os anos 2000, o Brasil proibiu a importação de CFCs, CTC, bromoclorometano, metilclorofórmio e hidrobromofluorcarbonetos (HBFCs). Segundo a ONU, cerca de 99% das substâncias que destroem a camada de ozônio foram gradualmente eliminadas, o que tem gerado resultados impressionantes no que diz respeito à restauração dessa camada.

Gelo no mar da Antártica atingiu sua menor extensão em 2023 – Foto: Torsten Blackwood / Getty Images

Além disso, um estudo mostrou que, sem a proibição dos CFCs pelo Protocolo de Montreal, as plantas, a vegetação e o solo teriam armazenado menos carbono, o que poderia ter levado a um aquecimento global adicional de 0,5-1,0 ºC.

Curiosidades sobre a camada de ozônio

Em janeiro de 2019, entrou em vigor a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, que visa reduzir a produção e o consumo de hidrofluorcarbonetos (HFCs) em mais de 80% nos próximos 30 anos. HFCs são frequentemente usados como refrigerantes em aparelhos de ar condicionado, por exemplo.

A ONU afirma que, se a Emenda de Kigali for totalmente apoiada pelos governos, pelo setor privado e pela população, ela poderá evitar até 0,4 ºC de aquecimento global neste século, ao passo que fortalecerá a proteção da camada de ozônio. Até o momento, a Emenda Kigali foi ratificada por 123 países.

*Com informações de Terra