Equipe de João Fonseca, Pedro Rodrigues e Gustavo Almeida venceu os EUA na final deste domingo (Foto: Srdjan Stevanovic / ITF)

Em um domingo histórico para o tênis brasileiro, o país conquistou pela primeira vez a Copa Davis Júnior.

A equipe formada pelo carioca João Fonseca, o mineiro Pedro Rodrigues e o paranaense Gustavo Almeida venceu os Estados Unidos por 2 a 0 e garantiu o título da competição entre jogadores de até 16 anos e que foi disputada nas quadras de saibro de Antalya, na Turquia.

O confronto diante do time norte-americano começou com Almeida, 251º no ranking mundial juvenil da ITF, vencendo Meccah Bigun, 111º colocado, por 7/6 (8-6) e 6/0. Almeida teve um ótimo início de partida, salvando quatro break-points com ótimos saques e contando com duas duplas faltas do rival para já conseguir uma quebra logo cedo e abrir 3/0 no placar. O brasileiro vinha levando a vantagem nos ralis mais longos do primeiro set e chegou a abrir 4/1, mas permitiu o empate no oitavo game. Houve ainda uma troca de quebras nos dois últimos games antes do tiebreak, o norte-americano sacou com 6/5 e não conseguiu fechar.

No game-desempate, Almeida vencia por 5-3, tomou a virada para 6-5, mas salvou o set-point -numa devolução errada do rival- venceu os últimos três pontos da parcial. O segundo set foi de amplo domínio para o brasileiro, que conseguiu três novas quebras e só enfrentou dois break-points para vencer a partida e colocar o Brasil em vantagem.

Logo na sequência, coube a João Fonseca, 44º do mundo em sua categoria, definir o confronto. Invicto ao longo da semana, tendo vencido todos os seus cinco jogos de simples na semana, ele superou Kaylan Bigun, 87º do ranking, por 6/4 e 6/1.

Fonseca mostrou mais uma vez seu jogo agressivo e de muita potência nos golpes. O carioca permanecia jogando em cima da linha de base e comandando os pontos com seu forehand. Também mostrou qualidade na execução de drop-shots e subidas à rede e segurança no saque. Ele abriu 5/2 no primeiro set, sofreu uma quebra e reverteu um 15-40 no último game da parcial. Já no segundo set, o carioca conseguiu duas quebras logo de cara e abriu 4/0 no placar. Com pressão constante sobre os games de serviço do norte-americano, definiu o jogo em sets diretos.

Além de ter vencido todos os seis jogos de simples que disputou, perdendo apenas um set, Fonseca também venceu suas duas partidas de duplas, ao lado de Almeida, decisivas para os confrontos contra Marrocos na fase de grupos e Itália na semifinal. Rodrigues teve duas vitórias e duas derrotas em simples, e também 50% de aproveitamento nas duplas, em dois jogos. Já Almeida venceu suas duas partidas de simples e ganhou três dos quatro jogos que fez nas duplas.

A equipe do capitão Rodrigo Ferreiro chegou à Davis Júnior após o título do Sul-Americano da categoria em agosto e passou em primeiro lugar de seu grupo na primeira fase, tendo vencido os confrontos contra Marrocos, Paraguai e França. Nas quartas e semis, superaram a Austrália e Itália, antes do triunfo contra os norte-americanos, tricampeões da competição e que disputaram sua décima final. Ou seja, foram três vitórias contra países-sede de Grand Slam, além de uma sobre a Itália, que tem um excelente trabalho de base e formação de atletas.

Conheça os três brasileiros campeões da Davis Júnior

João Fonseca é o juvenil brasileiro que mais se destacou na temporada. Ele disputou três Grand Slam em sua categoria na temporada, com destaque para a terceira rodada de Roland Garros. Também atuou em Wimbledon e no US Open. Ao longo da temporada, venceu jogadores mais velhos e que estão à frente dele no ranking, casos do paraguaio Daniel Vallejo, número 1 juvenil, e do argentino Lautaro Midon. Também chegou a duas finais de ITF J1, no Paraguai e nos Estados Unidos, e marcou recentemente seus primeiros pontos no ranking profissional da ATP.

Fonseca é acompanhado de perto pelo ex-jogador profissional André Sá. “Começamos a trabalhar juntos no início do ano passado, e ele é incrível. Tem muita experiência. Por tudo o que ele fez na carreira e todo seu talento e habilidades no tênis, já passou muito conhecimento para mim. É incrível estar com ele, que me ajudou muito”, disse em entrevista ao site da ITF. Em recente fala ao Podcast TenisBrasil, estabeleceu metas ousadas: Sonha ganhar Wimbledon e ser número 1 do mundo.

Gustavo de Almeida é o do interior do Paraná, Guarapuava, e está em Curitiba há três anos, onde faz parte do projeto social do Instituto Ícaro: “Comecei no tênis aos 4 anos, em projeto social de Guarapuava. Eu não tinha dinheiro pra viajar para muitos lugares, então tinha que viajar pela região do Paraná. Em 2018, disputei um campeonato em Curitiba e na final joguei com um garoto do Instituto Ícaro e lá me convidaram para fazer parte”, contou o tenista. Ele vive sua melhor temporada e conquistou três títulos no circuito mundial juvenil da ITF, contra jogadores de até 18 anos. O mais importante dos torneios foi em Eindhoven, na Holanda, além dos torneios de Tarija, na Bolívia, e Itajaí, em Santa Catarina.

Já Pedro Rodrigues conquistou quatro torneios do circuito juvenil neste ano, os dois primeiros na Bolívia em março, além de um evento em Lousada, Portugal, no mês de maio e também em Salvador em outubro. Assim como Fonseca, o mineiro também já tem pontos na ATP. “É uma sensação incrível vencer pelo Brasil. Estou melhorando como jogador e ter mais experiências como essa será bom para mim”, disse o mineiro.

Evento tradicionalmente forma grandes nomes

As Copas Davis e a Copa Billie Jean King Júnior são realizadas desde 1995 já apresentaram lendas do esporte como Lindsay Davenport em 1991, Gustavo Kuerten em 1992, Roger Federer em 1996, Rafael Nadal (campeão em 2002), Ashleigh Barty (campeã em 2011) e os atuais líderes do ranking da ATP Carlos Alcaraz (campeão em 2018) e da WTA Iga Swiatek (campeã em 2016). Recentemente, os canadenses Felix-Auger Aliassime e Denis Shapovalov e a norte-americana Coco Gauff também levaram seus países ao título.

Até então, o melhor resultado do Brasil na história havia sido um terceiro lugar em 2006, quando o time contava com André Stabile, Fabrício Neis e Henrique Cunha. No ano passado, os meninos do país ficaram com a nona posição. O time teve Luis Felipe Carvalho, Matheus de Lima e Henrique Britto.

Com informações do Tênis Brasil / UOl