O coração de Dom Pedro I chega ao Brasil hoje (22), às 9h30 na Base Aérea de Brasília, para as comemorações do Bicentenário da Independência. A relíquia ficará exposta ao público no Itamaraty, em Brasília, nos próximos dois finais de semana.
Nos bastidores de um dos poucos atos para marcar os 200 anos da independência do Brasil, a decisão de trazer ao país o coração de Dom Pedro 1º teve como argumento a eleição presidencial, em outubro.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, vai receber o coração de D. Pedro I na rampa do Palácio do Planalto. Fontes no Palácio do Planalto revelaram que a iniciativa foi considerada por conselheiros do presidente como uma “tacada eleitoral”, atendendo à parcela da população com forte cunho patriótico. Não por acaso, o evento contará com uma ampla organização, festa e o convite a todo o corpo diplomático em Brasília.
Conservado em formol há 187 anos, o órgão, é transportado na cabine de passageiros de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), acompanhado por três autoridades portuguesas, além de um representante do governo brasileiro.
O Ministério das Relações Exteriores não informou o custo da operação para trazer o coração até Brasília, onde ficará exposto, no Palácio do Itamaraty. A Polícia Federal (PF) vai monitorar a segurança durante toda a permanência, além das Forças Armadas. De acordo com o chefe do cerimonial do Itamaraty, o coração será recebido com honrarias.
“Será tratado como se Dom Pedro I fosse vivo entre nós, não é? Portanto, ele será objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano estrangeiro, no caso de um soberano brasileiro ao Brasil”, diz Alan Coelho Séllos.
Esta não é a primeira vez que restos mortais de Dom Pedro I são apresentados nas comemorações da Independência do Brasil. Em 1972, durante a ditadura militar, parte da ossada do imperador foi exposta em várias cidades, antes de ser depositada no Monumento da Independência, em São Paulo.
No sábado (20), ainda no Porto, antes da viagem ao Brasil, houve a primeira exposição aberta ao público do coração de Dom Pedro I. Quando chegar a Brasília, o órgão será levado da Base Aérea para o Palácio do Itamaraty “de modo silencioso”, segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Para o público brasileiro
Segundo informou o Itamaraty, a relíquia estará exposta a partir de quinta-feira (25), mas durante a semana o acesso será exclusivo para visitas escolares previamente agendadas. O público em geral deverá aguardar os sábados e os domingos, em horário ainda não definido. A exposição será encerrada no 7 de setembro, quando acontece a celebração do aniversário da independência. No dia seguinte, o órgão faz sua viagem de volta.
Dom Pedro I
Dom Pedro I nasceu em Portugal, mas se mudou para o Brasil em 1808. Ele deixou a terra natal aos nove anos com a família real portuguesa, em fuga devido aos avanços do exército francês comandado por Napoleão Bonaparte.
Quando seu pai, Dom João, retorna à Portugal em 1821, Dom Pedro é nomeado príncipe regente do Brasil. Um ano depois, proclamou a independência do país, tornando-se o primeiro imperador.
Em Portugal, ele é conhecido como Dom Pedro IV, tendo reinado entre março e maio de 1826. Também é lembrado por se colocar ao lado dos liberais na disputa contra os defensores da volta do regime absolutista.
Seu coração é guardado e conservado pela Irmandade da Lapa, desde sua morte por tuberculose, há 187 anos. Ele encontra-se em um vaso de vidro embebido em formol.
Por Márcia Costa Rosa com informações de portais