Bolsonaro durante manifestação no 7 de setembro do ano passado (Foto: EPA)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja discursar em pelo menos três momentos diferentes ao longo do 7 de Setembro. Depois de mudar a agenda militar no Rio de Janeiro, o candidato à reeleição escolheu o trio do pastor Silas Malafaia para fazer um de seus pronunciamentos.

Tradicionalmente, os presidentes da República participam do 7 de Setembro em atos realizados na Esplanada do Ministérios, em Brasília. Bolsonaro, no entanto, além de participar do desfile cívico-militar no Distrito Federal, viajará para o Rio. Já a participação na manifestação marcada em São Paulo deve acontecer de forma remota.

Com a chamada do presidente, apoiadores de Bolsonaro têm planejado ir às ruas para demonstrar a força popular do candidato à reeleição. Em São Paulo, estão previstos 13 caminhões de som; no Rio pelo menos nove. Os partidos de oposição PT, PDT e Rede foram ao STF (Supremo Tribunal Federal) reclamar que Bolsonaro usa a data para cunho eleitoreiro. Até a noite de ontem (6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tinha nenhum evento público agendado.

Desfile cívico em Brasília

Bolsonaro deve começar o dia no desfile cívico da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, acompanhado por ministros. A campanha não prevê declarações para este momento. Mas, se ele optar por discursar, haverá um caminhão de som bancado pelo agronegócio. Em seguida, ele deve viajar para o Rio, onde participará de motociata, fará discurso em carro de som e terá transmissão online para apoiadores paulistas.

Mudança na agenda

Tradicionalmente, o desfile cívico-militar no Rio de Janeiro acontece na avenida Presidente Vargas, mas Bolsonaro pressionou para que o evento fosse transferido para a avenida Atlântica, na orla de Copacabana —onde apoiadores do presidente costumam se reunir em manifestações.

Com resistência por parte de generais, o presidente desistiu da ideia, mas pediu que a Marinha e FAB (Força Área Brasileira) realizem um ato alusivo em Copacabana, estão programados salto de paraquedistas na areia da praia e 29 salvas de canhão no forte que fica na região.

“Não é ato antidemocrático, quero pagar para fazer parte do processo depois. Ficam fazendo covardia com pessoas inocentes por aí. Então 7 de setembro todo mundo junto em Brasília, depois Copacabana e vai ter na Avenida Paulista”, disse Bolsonaro, na semana passada, durante sua tradicional live semanal.

Desde que foi eleito, Bolsonaro tem dado força para atos em 7 de Setembro. Segundo apuração da colunista do UOL Carla Araújo, a campanha espera fazer uma foto da praia de Copacabana lotada numa tentativa de contrapor as pesquisas de intenção de voto, que dão vantagem a Lula.

Tom moderado

Ainda de acordo com apuração do UOL, a campanha de Bolsonaro quer que ele adote um tom moderado nos discursos. No 7 de setembro do ano passado, o presidente disse que não iria respeitar “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes e xingou o magistrado de “canalha”.

Agora, a poucas semanas da eleição, a campanha não quer que ele ataque as instituições, mas tem certeza de que ele deve criticar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas. O UOL Confere já mostrou que nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas.

Um tom mais agressivo, avaliam os aliados, pode afastar eleitores indecisos, e Bolsonaro depende desse grupo para crescer nas pesquisas de intenção de voto.

Agro, conservadores, evangélicos

Tradicionalmente um evento que reúne ala militar, o 7 de Setembro tem ganhado força entre outros públicos que estão ao lado de Bolsonaro.

Em São Paulo, os grupos de apoio ao candidato à reeleição alugaram 13 caminhões de som para defender suas pautas. O Movimento Frente Conservadora, o Movimento Família Brasileira e a Marcha da Família Cristão pela Liberdade são alguns exemplos.

Segundo Giovani Falcone, um dos organizadores do ato em São Paulo e também candidato a uma cadeira na Câmara dos Deputados, é esperada forte presença de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).

Evangélicos formam outro grupo que vem divulgando o ato a favor do presidente. Análise feita pela Casa Galileia, organização que promove iniciativas democráticas e plurais para públicos católicos e evangélicos, mostrou que a agenda principal da extrema-direita evangélica na última semana foi em torno das convocações para o 7 de Setembro.

Nove grupos no Rio

De acordo com o 19º BPM (Batalhão da Polícia Militar), nove movimentos políticos pediram autorização para ocupar as ruas de Copacabana durante o 7 de Setembro, entre eles o Diretório Monárquico e o Movimento Direita Brasil.

Apenas um deles pediu autorização para ocupar a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das mais movimentadas do bairro. O restante estará na orla a partir da 9h, com previsão de saída do último carro às 17h. O evento está previsto para terminar às 18h, de acordo com a PM.

Bolsonaro deve discursar no carro de som do pastor Silas Malafaia, aliado que vem fazendo discursos contra seu principal concorrente, Lula, e contra o sistema eleitoral. Ele chegou a pedir, em um culto, para que as urnas eletrônicas “travem”.

Reforço de efetivo

Diante da alta expectativa de público, o 19º BPM do Rio pediu reforço para o efetivo, com motos e cavalos. No total, a PM pediu 160 policiais militares e mais 20 divididos em 10 viaturas. Além destes, foram solicitados oito oficiais, duas unidades de motopatrulhamento, uma unidade com cães e três agentes da polícia montada em cavalos.

Motociatas

Também no Rio, às 13h, uma motociata sairá do Aterro do Flamengo em direção ao Posto 6, onde ocorrerá o tributo cívico-militar do Exército. Para o evento, o comandante do 2º BPM solicitou o apoio de 30 policiais militares na concentração, que começa às 12h. A Prefeitura do Rio autorizou a motociata, mas sem utilização das áreas de lazer do Aterro do Flamengo. Os motociclistas, incluindo o presidente, deverão trafegar pelas pistas comuns das praias do Flamengo, Botafogo e Copacabana. Para viabilizar o tráfego, a administração municipal suspendeu a reversão de pista na avenida Atlântica.

Em São Paulo, também está prevista uma motociata com apoiadores do presidente.

Grito dos excluídos

Na capital paulista, está previsto também o ato do Grito dos Excluídos. A manifestação reúne movimentos sociais e sindicais na Praça da Sé, região central de São Paulo. O tema deste ano é “200 anos de (in)dependência. Para quem?”.

Com informações do Uol