Jair Bolsonaro chamou golpe de "abominável" - Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal no âmbito das investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Durante o interrogatório, ele declarou que iniciar um golpe de Estado teria sido uma ação fácil, mas que sua sustentação encontraria obstáculos.

“O golpe seria fácil de começar. O problema seria o after day”, afirmou. Segundo Bolsonaro, as conversas com as Forças Armadas não representaram qualquer articulação formal.

“As conversas eram bastante informais, não era nada proposto, ‘vamos decidir isso aqui’. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, disse.

O ex-presidente refutou a existência de uma minuta de golpe e afirmou que qualquer documento discutido estaria dentro dos parâmetros constitucionais.

“Quando se fala de minuta, dá a se entender que é uma minuta do mal. Eu refuto qualquer possibilidade de falar de minuta de golpe, ou uma minuta que não esteja enquadrada dentro da Constituição brasileira”, declarou.

Ao ser questionado sobre eventual mobilização para instaurar estado de sítio, Bolsonaro negou a iniciativa e afirmou que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, nunca ofereceu tropas.

“Em hipótese alguma. Se nós fôssemos prosseguir com um estado de sítio, as medidas seriam outras”, afirmou.

Bolsonaro também afirmou que não havia condições para levar adiante qualquer plano fora da legalidade. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, disse.

A fase de interrogatórios deve se estender até sexta-feira (13). Bolsonaro será o sexto réu a ser interrogado – Foto: Gustavo Moreno / STF

Ele declarou ainda que tratou de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e outras possibilidades, sempre dentro da Constituição: “Tratamos de GLO e possibilidades dentro da Constituição, jamais saindo das quatro linhas”.

Bolsonaro negou discutir ações golpistas

Durante o depoimento, Bolsonaro também negou que tivesse discutido ações golpistas. “Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável”, afirmou. Ao responder sobre o conteúdo das reuniões, ele disse que não se recorda com precisão dos temas e datas.

“Não posso garantir que tal dia foi tratado tal assunto. Essas reuniões que ocorreram foram, em grande parte, em função da decisão do TSE. Quando peticionamos o TSE sobre possíveis vulnerabilidades e, no dia seguinte, não foi acolhido, não se discutia mais nada”, completou.

O depoimento foi colhido no âmbito da Ação Penal relacionada à tentativa de reversão do resultado eleitoral de 2022 e à investigação sobre as responsabilidades pelos ataques às sedes dos Três Poderes.

*Com informações de IG