A Polícia Federal (PF) reuniu, após dois anos de investigações , uma série de evidências que conectam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a tentativas de impugnar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , com indícios de articulações golpistas .
As provas incluem depoimentos de chefes das Forças Armadas sobre a apresentação de um plano golpista , por parte de Bolsonaro, e documentos encontrados com ex-assessores do ex-presidente, que contêm “pegadas” do próprio Bolsonaro.
A seguir, os principais pontos que ligam o ex-presidente à trama golpista.
1. Apresentação de minuta golpista a chefes das Forças Armadas
A PF revelou que, sob orientação de Bolsonaro, oficiais das Forças Armadas e assessores participaram de reuniões para discutir a possibilidade de um golpe de Estado. De acordo com os depoimentos do general Marco Antônio Freire Gomes e do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, chefes do Exército e da Aeronáutica, o ex-presidente apresentou um documento que sugeria a decretação de Estado de defesa ou de sítio e a realização de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Essas tentativas não foram adiante, uma vez que não obtiveram apoio dos comandantes militares.
2. “Pegadas” de Bolsonaro em minutas golpistas
A PF encontrou documentos indicando a participação de Bolsonaro em minutas de decretos golpistas. Na casa do ex-ministro Anderson Torres, foi descoberta uma minuta de decreto que propunha intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outro documento, também vinculado ao ex-presidente, sugeria a prisão de ministros do STF e do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, além de prever novas eleições. Bolsonaro teve acesso a esses textos e pediu alterações no plano.
3. Monitoramento de Moraes por ex-assessores de Bolsonaro
A investigação apontou que assessores próximos a Bolsonaro, como o general Mário Fernandes e o tenente-coronel Mauro Cid, estavam envolvidos em um monitoramento do ministro do STF Alexandre de Moraes. A PF sugere que esse monitoramento tinha como objetivo sequestrar e até assassinar o ministro . Mensagens entre Cid e o coronel Marcelo Câmara, interceptadas pela PF, mostram discussões sobre o paradeiro de Moraes em dezembro de 2022.
4. Uso do Palácio do Planalto para imprimir plano de assassinato
A PF descobriu que o plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, conhecido como “Punhal verde amarelo”, foi impresso no Palácio do Planalto pelo general Mario Fernandes. A investigação também revela que em novembro de 2022, uma reunião envolvendo Bolsonaro e outros membros do governo discutiu esse plano, incluindo a vigilância de Moraes. Registros de entradas no Palácio da Alvorada indicam que o plano continuou a ser desenvolvido após essa reunião.
5. Reunião pré-eleições com teor golpista no Palácio do Planalto
Em julho de 2022, uma reunião no Palácio do Planalto com figuras-chave do governo Bolsonaro discutiu ações golpistas antes da eleição. Bolsonaro sugeriu a realização de medidas drásticas, enquanto o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defendeu que seria necessário “virar a mesa” antes das eleições. O general Mário Fernandes também questionou a possibilidade de uma ação semelhante ao golpe militar de 1964, caso o TSE não permitisse a presença de todos os Poderes no acompanhamento das eleições.
6. Questionamento do PL sobre fraudes nas eleições de 2022
A investigação revela que o PL de Bolsonaro esteve envolvido em tentativas de financiar narrativas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, com o objetivo de legitimar manifestações contra o resultado das eleições. No ápice dessa estratégia, em 22 de novembro de 2022, a coligação formada pelo PL e outros partidos entrou com uma ação que questionava a validade das urnas e pedia a anulação de votos. A PF também apontou que, após o segundo turno, o comitê de campanha de Bolsonaro foi utilizado por aliados do ex-presidente para apoiar a ideia de uma intervenção militar .
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