O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) por ter gravado e divulgado uma conversa entre os dois. Bolsonaro também disse que Kajuru não publicou todo o diálogo. Na conversa, publicada por Kajuru no domingo, o presidente defende que a CPI da Pandemia no Senado investigue também governadores e prefeitos, e não só o governo federal.
— Eu fui gravado em uma conversa telefônica, está certo? A que ponto chegamos no Brasil. Gravado — reclamou Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
O presidente disse que a gravação só poderia ter ocorrido com uma autorização judicial. A legislação, no entanto, não proíbe gravações telefônicas realizadas por uma das partes da conversa. A interceptação telefônica, quando a conversa é gravada por um terceiro não envolvido no diálogo, é que exige autorização judicial.
— Não é vazar. É te gravar. Gravação só com autorização judicial. Gravar o presidente e divulgar…E outra, só para controle, falei mais coisa naquela conversa. Pode divulgar tudo, da minha parte — afirmou Bolsonaro.
Ao GLOBO, no domingo, Kajuru disse ter divulgado o diálogo telefônico por se tratar de um assunto público.
O objetivo da comissão, que teve a instalação determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), é investigar as eventuais omissões do governo federal no combate ao coronavírus. Um requerimento que pede a extensão da apuração para gestores estaduais e municipais já foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
— Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir para cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela, bota presidente da República, governadores e prefeitos — disse Bolsonaro na conversa com Kajuru.
Em outro trecho, o presidente afirmou que se não houver mudança, só serão ouvidos “gente nossa” para fazer um “relatório sacana”:
— Se não mudar (a amplitude), a CPI vai simplesmente ouvir o (ex-ministro Eduardo) Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. (O GLOBO)