Aplicativos para celular "atualizam" a banca do jogo do bicho para o século 21 (Imagem: Reprodução)

A chegada das bets ao Brasil pode colocar em risco o futuro do jogo do bicho, de acordo com reportagem publicada neste domingo (12) pelo jornal americano New York Times.

O jogo do bicho parece passar por “crise existencial”, diz reportagem. Segundo o jornal, a quantidade ilimitada de sorteios e os prêmios maiores pagos pelas bets (ou apostas de quota fixa, na qual quem joga sabe quanto ganhará caso acerte) tem feito com que menos brasileiros se disponham a gastar com o bicho.

A idade média dos apostadores do jogo do bicho é outro obstáculo. A reportagem afirma que a maioria dos jogadores da loteria ilegal parece ter mais de 50 anos.

Segundo a reportagem, o governo brasileiro estima que quase um quarto da população tenha feito apostas pela internet nos últimos cinco anos e que o gasto médio mensal com esse tipo de despesa ultrapasse R$ 20 bilhões. As bets podem movimentar quase R$ 140 bilhões de dólares em apostas por ano no país.

A ascensão das bets deu início a debate sobre como regular atividade no Brasil. A reportagem destaca a variedade de jogos disponíveis, que vão de cassinos digitais a apostas ligadas a futebol. Um relatório de setembro do Banco Central mostrou que R$ 3 bilhões pagos pelo Bolsa Família foram gastos com bets.

Bets são febre no Brasil

“Pior que droga, é desesperador”, afirma uma apostadora online. Vitória Bittencourt, de 23 anos, perdeu R$ 50 mil de suas economias pessoais e acumula uma dívida de R$ 110 mil por conta de empréstimos feitos para apostar no Jogo do Tigrinho.

Mais acessos do que pornô em 2024

Um levantamento do site Aposta Legal Brasil mostrou que páginas ligadas a jogos alcançaram 970 milhões de acessos no país só em outubro do ano passado, volume 28% superior à soma de dois dos principais sites de conteúdo adulto.

O dinheiro drenado por jogos online já impacta atividade comercial. A estimativa da Confederação Nacional do Comércio é que as apostas tenham “sequestrado” R$ 100 bilhões que seriam usados no consumo de produtos de varejo e serviços no ano passado.

Desdobramentos no futebol

Divulgada no último dia 31, a lista de bets autorizadas a operar no país em 2025 pelo Ministério da Fazenda não incluía as patrocinadoras de Corinthians e Flamengo. Hoje, o dinheiro investido por esse tipo de empresa está entre as principais fontes de receita dos clubes.

O Supremo Tribunal Federal deve discutir se operação de bets no país é legal ou não até abril. Autorizadas a operar em 2018 por Michel Temer, as bets não foram regulamentadas no governo Bolsonaro (2019-2022), como era previsto. Por conta disso, o Brasil não tem regras claras estabelecidas para atividade.

Com informações do Uol