Jornalista é abordado por policiais locais quando conversava com voluntárias pernambucanas próximo ao Lusail Stadium (Foto: Reprodução / @ovictorpereira / Twitter)

Situação aconteceu enquanto o correspondente da Folha, Victor Pereira, entrevistava voluntárias pernambucanas

Uma situação absurda, envolvendo a bandeira de Pernambuco, aconteceu no Catar, após o apito final de Arábia Saudita e Argentina, hoje (22). Correspondente da Folha na Copa do Mundo, o repórter Victor Pereira conversava com voluntárias pernambucanas próximo ao Lusail Stadium, quando foram surpreendidos com a atitude de alguns policiais locais.

Eles apreenderam a bandeira do Estado, ao confundi-la com símbolos da causa LGBTQIA+. Além disso, confiscaram o celular de Victor, enquanto ele entrevistava as pernambucanas. O aparelho só foi devolvido, após o repórter apagar as filmagens. A bandeira pernambucana também foi recuperada, depois de provarem não ser algo relacionado ao movimento político e social proibido no país do Oriente Médio.

De acordo com o cientista político pernambucano Thales Castro, o episódio se pode ser tratado como “um equívoco”, por conta das imagens presentes na bandeira de Pernambuco. Além do arco-íris, a cruz não é algo bem visto entre os cataris.

“O que aconteceu foi um equívoco, por a bandeira ter o arco-íris em sua imagem clássica. Além disso, a bandeira tem uma cruz, que para a religião islam significa o cristianismo. É uma situação delicada que mostra as fraturas do mundo ocidental com um mundo tradicionalista, que se fecha diante do islamismo e não interpreta nada costumeiramente do que é fornecido”, começou.

“O catari não vai se curvar diante dos modos sociais de vivência do Ocidente, nem tampouco o mundo ocidental deve querer impor seus costumes para o Catar. Quando a FIFA decretou que a Copa seria lá, sabia-se que ia ter essas questões. Tem que ser encontrado o mínimo ponto de equilíbrio pragmático”, completou Thales.

Através de nota em sua conta no Instagram, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), lamentou o episódio.

“Nossa solidariedade ao jornalista pernambucano Victor Pereira. Victor está cobrindo a Copa do Catar e teve a bandeira de Pernambuco que carregava apreendida pelas autoridades daquele país. Os policiais enxergaram exatamente o que nossa bandeira representa: liberdade, diversidade e união. Valores que temos orgulho de levar aos quatro cantos do mundo”.

Com informações da Folha de Pernambuco